2024/03/18

Colégio de Campolide - Parte I

 


O Colégio de Campolide foi um estabelecimento de ensino administrado pelos padres da Companhia de Jesus que funcionou durante a segunda metade do século XIX no bairro de Campolide, em Lisboa.

 

“O fundador do colégio de Campolide foi o P.e Carlos João Rademáker, cujo apelido lhe veio do seu bisavô paterno de origem holandesa. Nasceu em Lisboa a 1 de junho de 1828, […] decidido a consagrar-se ao estado eclesiástico, tratou de estudar teologia, vindo a ordenar-se a 20 de outubro de 1851, cantando a primeira missa a 29 do mesmo mês.” (Grainha, 1913, p. XII, ss).

 

Em 1853, Padre Rademáker tomou conta de alunos pobres, acolhendo-os numa casa no Largo da Páscoa. Em 1857 transferiu-os para a Rua de Buenos Aires, em 1858, finalmente, para o Colégio de Campolide:

 

“[…] As Instalações do Colégio: tendo começado por uma modesta casa na Quinta da Torre, em Campolide, comprada pelo seu fundador, o padre Carlos João Rademáker, em breve se transformou numa imponente construção que em 1908 tinha 160 m de comprimento. Actualmente, estas instalações reformuladas, pela sua extensão e capacidade, são usufruídas pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa” (Santos, 2011, p. 157).

Na publicação Historia do Colégio de Campolide da Companhia de Jesus[1] (p. 42 ss.), é descrito o engrandecimento material do Colégio de Campolide com o dinheiro das beatas, dos amigos e dos alunos. O Padre Rademáker comprou na Quinta da Torre, em Campolide, uma pequena casa com 34 metros de comprimento - transformando-a numa construção enorme de 160 metros de comprimento, cuja grandeza comparada com a da primitiva se poderá avaliar pelos desenhos feitos por ocasião do quinquagésimo aniversário do Colégio, onde este aparece nas suas duas fases, de 1858 e 1908:

 


Segundo a Direcção-Geral do Património (2002), foi em 21 de julho de 1858 que foi fundado o Colégio da Companhia de Jesus de Nossa Senhora da Conceição de Campolide pelo padre Carlos Rademaker, na Quinta da Torre, adquirida ao poeta João de Lemos (1818-1890) pela quantia de quatro contos de réis, funcionando aí o Instituto de Caridade. Em 1860 assistiu-se à transferência do Instituto de Caridade para a Casa do Barro, em Torres Vedras.

 

As obras para ampliar o edifício originário começaram logo em 1861, com uma casa para poente, anexa à primitiva, de uns 17 metros de comprido, onde estabeleceram um dormitório em forma de galeria tendo uns camarins em baixo do pavimento e outros tantos por cima destes, num total de 30.

 

Em 1865 construiu-se um novo lanço para nascente, onde, até 1890, no rés-do-chão funcionavam as aulas e no primeiro andar esteve um dormitório, sendo tudo demolido nesse ano para dar lugar á parte central da atual frontaria. De 1867 até 1880, as construções foram feitas do lado da quinta: em 1867, a parte pegada com a nova igreja, cujo primeiro andar se dividiu em 10 quartos para os padres; de 1871 a 1872, as três alas ocupadas pelas salas de estudo, refeitório dos alunos e cozinha; em 1877, mais duas alas parta poente das anteriores, para serviços dos padres, com cave e dois andares, a que em 1902 se acrescentou um terceiro. Em 1879 lançou-se a primeira pedra para a nova igreja, que se concluiu em abril de 1884.

 

Em 1185 começou-se a edificação da nova fachada - o primeiro lanço a nascente, com 25 metros de comprimento, que pôde ser habitado em 1890; o outro lanço até à igreja começou-se em 1891, estando a parte central terminada em 1895 e, por sua vez, a última em 1900.

 

O edifício tinha duas torres elevadas, a mais alta das quais, no extremo ocidental, com 40 metros de altura, abrangendo-se do cimo dela um dos mais extensos panoramas de Lisboa e seus arredores.


P. M. 

 

 

BIBLIOGRAFIA:

 

DIREÇÃO-GERAL DO PATIMÓNIO CULTURAL (2002). Colégio de Maria Santíssima Imaculada de Campolide. Colégio de Campolide. Quartel do Batalhão de Caçadores N.º 5. Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa [em linha]. Sacavém: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico [Consult.  7 de fevereiro de 2024]. Disponivel: www. monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3138.

 

GRAINHA, M. Borges (1913). História do Colégio da Companhia de Jesus: escrita em latim pelos padres do mesmo Colégio onde foi encontrado o manuscrito. Coimbra: Imprensa da Universidade.

 

SANTOS, Maria Alcina (2011). Elites salazaristas transmontanas no estado novo o caso de Artur Águedo de Oliveira (1894-1978) [em linha]. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [Consulta 7 de fevereiro de 2024]. Disponível: https://hdl.handle.net/10316/18281.

 



[1] GRAINHA, M. Borges (1913). “Engrandecimento material do Colégio da Campolide com o dinheiro das beatas, dos amigos e dos alunos” in: História do Colégio da Companhia de Jesus: escrita em latim pelos padres do mesmo Colégio onde foi encontrado o manuscrito. Coimbra: Imprensa da Universidade, p. 42-48.

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