Maria Odette
Santos Ferreira nasceu em Lisboa a 4 de junho de 1925. Foi farmacêutica,
professora universitária e investigadora na área da infeção pelo VIH.
Concluiu
a licenciatura em Farmácia em 1970 e doutorou-se na Universidade de Paris Sud,
França. Nesta época iniciou uma colaboração com o Instituto Pasteur de Paris
efetuando um estudo epidemiológico das infeções hospitalares causadas pelo
bacilo piociânico. Neste âmbito identificou cerca de 20% de estirpes
portuguesas não tipificadas pelo sistema de lisotipia de Lindberg.
Já na
década de 80, continuou a sua colaboração com este Instituto, mais
concretamente com a Unité d’ Oncologie Virale e com o Prof. Luc Montaigner.
Esta parceria levou ao desenvolvimento de técnicas de deteção do HIV. Em
virtude destes estudos foi identificado um segundo vírus da SIDA-LAV 2.
Em
1982, juntamente com o Prof. Leon le Minor, estudou 62 estirpes de bactérias
isoladas nos hospitais portugueses. Identificou um novo bacteriófago que teria
implicações filigenéticas e taxonómicas.
Em
1987 tornou-se Professora Catedrática de Microbiologia na Universidade de
Lisboa e dedicou a sua atividade à investigação da infeção pelo VIH/Sida, com
particular incidência no VIH tipo 2. O seu trabalho revolucionou o diagnóstico
serológico e contribuiu para a expansão da investigação na área dos retrovírus.
Odette
Santos foi coordenadora do programa Nacional de Luta contra a SIDA entre 1992 e
2000. O projeto com maior impacto foi o programa de troca de seringas nas
farmácias, considerado pela Comissão Europeia o melhor projeto apresentado,
quer pela inovação, quer pela extensão a todo o território português. O
objetivo era a redução do risco de contaminação do VIH por via endovenosa.
A ela
se deve a criação de Centros de Rastreio anónimos e gratuitos, bem como a
criação de um centro de apoio a trabalhadoras do sexo em Lisboa. O programa
CRIA – Conhecer, Responsabilizar, Informar, Agir foi igualmente criado por
Odette Ferreira em 1997, numa tentativa de promover o conhecimento e informação
sobre a doença perante a comunidade, melhorando a qualidade de vida dos
indivíduos infetados.
Coordenou
as Redes Comunitárias de Apoio em vários países da Europa, nomeadamente: Rede
AIDS e Mobilidade, Rede Prevenção da SIDA e Hepatites nas prisões, Rede Children
and Family, Rede Sida-Empresas, Rede European AIDS data SET, Rede Minorias
Étnicas, Rede Europeia SIDA e Mulheres entre outras.
Promoveu
serviços de apoio domiciliário em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, a
construção de uma segunda residência de apoio para doentes com VIH em situação
precária e a primeira unidade de cuidados paliativos para doentes com VIH em
Lisboa.
O seu
trabalho orientou-se igualmente para a criação de Comissões Distritais de Luta
contra a Sida e para a reabertura da Linha SIDA.
Recebeu
inúmeros prémios e distinções: Chevalier dans l’Ordre des Palmes Academiques
(1975); Chevalier de la Légion d’ Honneur (1987); Grau de Comendador da Ordem
Militar de Sant’Iago de Espada e Grã-Cruz da Ordem de Instrução Pública (1988);
criação do Prémio de Investigação Científica Professora Doutora Maria Odette
Santos-Ferreira (2010); Medalha de Honra da Ordem dos Farmacêuticos (1989);
Prémio Universidade de Lisboa (2006); Medalha de Ouro da Ordem dos
Farmacêuticos (2012); colar do Prémio Nacional de Saúde (2013); Medalha de
Mérito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2016).
MJS
Sem comentários:
Enviar um comentário