2022/04/21

Mulheres na ciência: Carolina Beatriz Ângelo (1878 - 1911)

 


Carolina Beatriz Ângelo nasceu na Guarda em 1878, filha de Viriato António Ângelo, jornalista e de Emília Clementina de Castro Barreto. Foi a primeira mulher cirurgiã em Portugal e a primeira mulher a votar.

Beatriz viveu a sua infância num ambiente liberal, sendo o seu pai apoiante do Partido Progressista. Frequentou o Liceu da Guarda onde concluiu os estudos primários e secundários.

Com a mudança da família para Lisboa, prosseguiu o seu percurso académico na Escola Politécnica e na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Aqui concluiu o curso de Medicina em 1902, tendo sido a única mulher na sua turma.

Beatriz casou a 3 de dezembro de 1902 com Januário Gonçalves Barreto Duarte (1877-1910), médico e ativista republicano, do qual teve uma filja, Maria Emília Ângelo Barreto (1903-1981).

Em 1903 apresentou a sua dissertação Prolapsos Genitaes (Apontamentos) e tornou-se a primeira mulher a operar no Hospital de São José. Trabalhou no Hospital Psiquiátrico de Rilhafoles, com a orientação de Miguel Bombarda e acabou por estabelecer o seu próprio consultório particular onde exerceu a especialidade de ginecologia.

A par da carreira profissional, Carolina envolveu-se nos vários movimentos feministas que despontavam pela Europa. Em 1906 ingressou no comité português da organização La Paix et le Désarmement par les Femmes, bem como na Maçonaria. Em 1909 integrou a comissão fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas que defendia o sufrágio feminino, o direito ao divórcio, a educação das crianças e igualdade de direitos e deveres entre ambos os sexos.

O seu marido vem a falecer em 1910, antes da implantação da República. Com o 5 de outubro, Beatriz envolveu-se na fundação da Associação de Propaganda Feminista que pretendia fundar uma escola de enfermeiras e promover a emancipação das mulheres.

Em 1911, com as primeiras eleições da república, Beatriz Ângelo viu na lei eleitoral uma oportunidade de a reverter a seu favor. De acordo com a mesma, podiam votar “cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família”. Considerando preencher todos os requisitos fez um requerimento ao Presidente da Comissão Recenseadora para ser incluída no recenseamento. O pedido foi recusado e carolina apresentou recurso em tribunal que lhe veio a dar razão. Desta forma, tornou-se a primeira mulher portuguesa a exercer o direito de voto.

Faleceu a 3 de outubro de 1911 vítima de uma síncope cardíaca.

 

 

MJS

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