2025/04/28

Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941 – Capítulo VII - As Escolas da República

 

(Imagem do desenho da fachada principal e plantas da escola primária anexa à Escola Normal de Lisboa. Projeto do Arquiteto Lino de Carvalho)


VII – As Escolas da República

 

A partir da implantação da república, os ideais de “educar para desenvolver” foram tomando forma através da publicação de leis que reformaram as estruturas dos vários níveis de ensino.

A componente pré-profissionalizante do ensino concretizou-se com a fundação da Escola-Oficina n.º 1 (1 de janeiro de 1905), para crianças entre os 7 e os 14 anos. Funcionava de forma flexível, baseando-se no gosto individual de cada aluno e ministrando desde as línguas, ciências e matemáticas, até ao desenho, educação cívica, manualidades, desporto, entre outros. Esta escola foi elogiada e subsidiada pelo governo até 1941.

No âmbito da educação popular, criou-se em 1907 a Liga Nacional de Instrução, com o objetivo de alfabetizar o povo, facilitando a frequência de bibliotecas, museus e laboratórios. Desta foram abriram as Universidades Populares Portuguesas (1911 em Lisboa, 1912 no Porto e 1914 em Setúbal) e as Universidades Livres (1912 em Lisboa e 1925 em Coimbra). Eram gratuitas e embora não conferissem graus académicos, realizaram conferências, palestras, cursos e programas de ocupação social e cultural.

Em 1911 criaram-se as Escolas ao ar livre que visavam o combate da pré tuberculose em crianças dos 5 aos 15 anos e, mais tarde, as Escolas ao Sol, que não se chegaram a concretizar. Em 1913 implantaram-se os Escoteiros em Portugal que em muito contribuíram para a divulgação da vida ao ar livre e da autossuficiência.

Notória foi, igualmente, a preocupação com a formação de professores e, nesse sentido, em 1906 iniciou-se a construção de uma escola junto à Escola Normal de Lisboa. O projeto seria da autoria de João Lino de Carvalho.

No que respeita ao equipamento para o ensino primário, sobressaem o mau estado de conservação e a carência dos mesmos. A partir de 1910 foram muitos os particulares que dinamizaram a construção de novos edifícios.

A legislação estatal procurou acompanhar este dinamismo e em 1912 criou uma Comissão destinada a fixar normas técnicas, higiénicas e pedagógicas para as instalações escolares. De acordo com o texto final de 1917 definiram-se as condições para a escolha de terrenos, as dimensões das salas de aula, a existência de vestíbulos, vestiários e balneários, a necessidade de abastecimento de água potável, sanitários e esgotos, a casa do professor e os tipos de edifícios, salas de desenho, trabalhos manuais e lavores, salão para conferências, cozinha e refeitório, ginásio, luz apropriada, ventilação e aquecimento.

Em 1918 a Repartição de Sanidade Escolar da Secretaria de Estado da Instrução Pública passou a ter 3 seções técnicas: Seção Médica, Secção de Educação Física; e Secção de Construções Escolares. Apesar dos esforços da Primeira República, a concretização destes projetos foi pouco abrangente.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941. Lisboa, Ministério da Educação – Direção-Geral da Administração Escolar, 1990.


MJS


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