António
Feliciano de Castilho nasceu a 28 de janeiro de 1800 em Lisboa, filho de José
Feliciano de Castilho Barreto, médico da Real Câmara, e de Domicilia Máxima
Doroteia e Silva Castilho.
Teve
vários problemas de saúde na infância que resultaram na cegueira aos 6 anos de
idade. Desta forma, não aprendeu a ler nem a escrever, embora tenha sido
discípulo do padre José Fernandes com quem estudou latim. Desde sempre mostrou
apetência para a poesia, tendo publicado aos 16 anos o Epicédio na morte da Augustíssima Senhora D. Maria I, Rainha
Fidelíssima. Em 1918 publicou À
faustíssima Aclamação de S. M. o S. D. João VI ao trono e em 1820 a Ode à morte de Gomes Freire e seus Sócios
e A Liberdade.
Concluiu
a licenciatura em Cânones na Universidade de Coimbra, com o apoio do seu irmão
Augusto Frederico de Castilho. Posteriormente, Augusto optou pelo sacerdócio,
tendo sido destacado para a paróquia de São Mamede em Castanheira do Vouga.
Feliciano viveu aí, junto do irmão, até 1834.
Apesar
da conjuntura política instável e das Guerras Liberais, este foi um período em
que Feliciano de Castilho se dedicou ao estudo e tradução dos clássicos.
No
final de 1834, casou com D. Maria Isabel de Baena Coimbra Portugal que faleceu
em 1837, sem filhos.
Em
1839 publicou vários fascículos intitulados Quadros
Históricos no jornal O Panorama,
com o objetivo de divulgar a história de Portugal. Nesta data celebrou
casamento com D. Ana Carlota Xavier Vidal, do qual resultaram sete filhos.
Em
1940 acompanhou o seu irmão Augusto, que tinha contraído tuberculose, à
Madeira, onde este acabou por falecer. Regressou da Madeira e em 1841 fundou a Revista Universal Lisbonense da qual foi
diretor até1845. Feliciano de Castilho era um escritor apoiante do regime e as
suas críticas favoráveis a várias obras da época basearam-se mais na amizade do
que na qualidade da escrita.
Em
1845, juntamente com outro irmão, José Feliciano de Castilho, fundou
a Livraria Clássica Portuguesa. Neste período escreveu as biografias de Manuel
Bernardes e Garcia de Resende.
Em
1846 voltou a sua atenção para o analfabetismo que grassava na população
portuguesa. A alfabetização popular, de crianças e adultos foi uma das
preocupações dos intelectuais da época. Nesse sentido, procurou implementar um
método de aprendizagem rápida da leitura o Método
de Leitura Repentina ou o Methodo Portuguez. Tendo
como base o método fonológico de Lamare, apostava na criação de imagens ou
histórias para a fixação das letras, na aproximação entre a ortografia e
fonologia, na decomposição de palavras em sons e escrita apoiada pela leitura.
Para Castilho a leitura era uma condição essencial ao desenvolvimento dos
povos.
Alvo
de grandes polémicas, este método gerou controvérsia nos meios pedagógicos.
Castilho foi nomeado pelo governo como Comissário para a Propagação do Methodo Portuguez e teve um lugar no
Conselho Superior de Instrução Pública. Apesar de tudo, o método nunca foi
adotado nas escolas.
Em
1847 partiu para os Açores, onde viveu em Ponta Delgada até 1850. Durante esses
anos, o educador dinamizou culturalmente a região e dedicou-se à escrita.
Fundou a Sociedade dos Amigos das Letras e Artes e
publicou inúmeras obras, Felicidade pela
Agricultura, Tratado de Mnemónica,
Tratado de metrificação, Noções rudimentares para uso das escolas,
entre outros. Apoiado pelas autarquias, fomentou a criação de escolas primárias
e secundárias gratuitas.
Em
1850 regressou à capital, dedicando-se ao seu projeto de leitura inovador. Em
1853 foi nomeado Comissário Geral de Instrução Primária, e nesse âmbito abriu
vários cursos de formação do seu método para professores.
Em
1865 deslocou-se ao Brasil para divulgar o Método.
Em outubro desse ano, Castilho envolveu-se numa das mais famosas polémicas
literárias portuguesas, a chamada Questão
Coimbrã ou Questão do Bom Senso e Bom
Gosto. Castilho fez uma carta-posfácio do Poema da Mocidade de Pinheiro Chagas em que teceu algumas críticas
aos novos modelos literários (praticados por Teófilo Braga e Antero de
Quental), enaltecendo a qualidade do poema em questão.
Antero
de Quental respondeu com o panfleto Bom
Senso e Bom Gosto, rejeitando a poesia clássica e conservadora. Seguiram-se
várias reações e publicações de ambos os lados, até que a polémica abrandou em
1866.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
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