Álvaro
Viana de Lemos nasceu a 28 de março de 1881 na Lousã, filho de Luís Gonçalves
Viana de Lemos e de Maria Joana Vieira de Lemos. Era uma família abastada, uma
vez que o seu pai era industrial e proprietário de terras, proporcionando-lhe uma
dinâmica cultural estimulante.
Concluiu
os seus estudos primários na Escola Conde Ferreira na Lousã, em 1890. Em 1891
fez o Exame de Admissão aos Liceus e em 1892 mudou-se para Lisboa, ingressando
no Colégio Jesuíta de Campolide.
Em
1896 regressou à terra de origem e foi aluno em simultâneo do Liceu de Coimbra
e da Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra. Fez igualmente os
Estudos Preparatórios para a Escola Naval e para a Escola do Exército.
Em
1900 voltou a Lisboa e tirou o Curso de Bibliotecário-Arquivista na Torre do
Tombo. Em 1901 frequentou o curso de Economia Política da Escola Politécnica.
Entre 1902 e 1904 concluiu o Curso da Escola do Exército e em 1906 foi colocado
em Viana do Castelo onde permaneceu até 1908.
Este
período em Viana do Castelo mudou o rumo da sua vida, ao tomar contato com dois
professores primários, Augusto Gonçalves Viana e José Alves de Sousa, defensores
da importância dos Trabalhos Manuais.
Em
1907 foi um dos fundadores da Liga de Instrução de Viana do Castelo. Lecionou ginástica
em várias escolas primárias e ensinou as primeiras letras aos recrutas da sua
unidade. Durante este ano fez uma viagem de estudo à Europa: Inglaterra,
França, Bélgica e Holanda.
Em
1908 pediu uma licença para frequentar alguns cursos em Bruxelas: Escultura na
Academia Real de Belas Artes de Benny (Escultura); Pintura Decorativa na Escola
de Artes Decorativas de Ixelles com o Prof. Jean Mayné; e Eletricidade na
Escola Industrial de Bruxelas.
Esta
formação permitiu-lhe lecionar, no regresso a Portugal em 1909, no
Colégio-Liceu Figueirense na Figueira da Foz. Com o encerramento da escola em
1910, Álvaro Lemos voltou ao exército como oficial ao serviço da Comissão
Jurisdicional dos Bens das Congregações Religiosas. Este serviço foi efetuado
no Colégio de Campolide.
Entre
1911 e 1914, lecionou Trabalhos Manuais no Instituto dos Pupilos do Exército.
Participou no 1.º Congresso Internacional de Pedologia em Bruxelas e nos
Congressos Internacionais de Língua Francesa de Gand, na Bélgica, e de Educação
Física, em Paris.
Em
1914 frequentou o Curso da Escola Colonial. Em 1915 lecionou Trabalhos Manuais
Educativos na Escola Normal Primária de Lisboa. Em 1916 foi admitido na Escola
Nacional de Agricultura de Coimbra, encarregue das disciplinas de Trabalhos
Manuais Educativos e Ginástica. Fez igualmente parte da Comissão Instaladora da
Escola Normal Primária de Coimbra. A 21 de novembro casou com D. Laura Tavares
de Lemos.
A
partir de 1916, Álvaro Viana de Lemos abandonou o exército e exilou-se em
Espanha onde viveu até 1919. De regresso a Portugal, assumiu o cargo que
detinha na Escola Normal Primária de Coimbra, lecionando Desenho e Trabalhos
Manuais. Em 1920 foi oficialmente exonerado do exército e exerceu em pleno a
profissão de docente, participando em várias conferências internacionais.
Em
1927 foi criada a Associação Internacional para os Filmes da Educação Nova e
Álvaro Lemos tornou-se o seu representante em Portugal. O Cinema Educativo foi
por si divulgado como a mais recente técnica escolar. Entre 1929 e 1935 foi
nomeado professor da Tutoria de Coimbra.
Em
1934 foi preso, acusado de estar envolvido numa conjura revolucionária e
demitido das suas funções.
Entre
1936 e 1941 participou na Enciclopédia
Pedagógica Progredior em colaboração com Adolfo Lima. Em 1940 viu a sua
pensão ser suspensa por 60 dias em virtude de “crimes” cometidos nas aulas.
A
partir da década de 40, Álvaro Lemos passou a cultivar a quinta da família em
Cernache, dedicou-se às atividades artísticas e à promoção turística da região
da Lousã.
Para
este educador, os trabalhos manuais eram uma forma de articular as
aprendizagens, ou seja, eram auxiliares de todas as disciplinas. A escola devia
aproximar o aluno da realidade e os trabalhos manuais permitiam precisamente a
aplicação prática dos conhecimentos, desenvolvendo as aptidões de cada um.
Nesse sentido, este educador publicou inúmeros instrumentos pedagógicos e de
explicação de técnicas que poderiam ser usadas em contexto de sala de aula,
como Trabalhos Manuais Educativos
(1915 e 1920), Uma semana de Trabalhos
Manuais (1923), Linóleo-gravura
(lino-cut) e A modelação escolar
(1928), Trabalho Manual Escolar –
Trabalhos em papel (1929). No campo prático dirigiu cursos de formação para
professores desta área. Grande apoiante do movimento associativo de
professores, Álvaro Viana de Lemos fez parte de inúmeras associações nacionais
e internacionais.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
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