Américo
Monteiro de Aguiar nasceu a 23 de outubro de 1887 em Penafiel, filho de Ramiro
Monteiro de Aguiar e de Teresa Ferreira Rodrigues, uma família de agricultores
com alguma fortuna.
Fez o
ensino primário na Escola Primária de Pereiras e posteriormente prosseguiu
estudos no Colégio do Carmo, em Penafiel, em 1898. No ano seguinte passou para
o Colégio de Santa Quitéria em Felgueiras. Demonstrou alguma vontade em seguir
a vida eclesiástica, mas não foi apoiado pelo seu pai. Desta forma, em 1902
começou a trabalhar numa loja de ferragens no Porto, enquanto terminava os
estudos.
Em
1905 inscreveu-se no Instituto Comercial e Industrial do Porto, mas abandonou o
país no ano seguinte, partindo para Moçambique. Trabalhou como despachante de alfândega
para várias companhias.
Em
1923 regressou a Penafiel e entrou em contato com o pároco da região
comunicando-lhe que queria seguir a vida monástica. A justificação que
apresentou foi a de tinha tido “uma martelada!”. Entrou para o Convento de
Santo António de Vilariño, em Tui, Espanha, onde permaneceu durante nove meses
como postulante e um ano como noviço. A difícil adaptação à vida no convento
levou a que os religiosos solicitassem a sua saída em 1925.
Não
desistiu e tentou ingressar no Seminário Diocesano do Porto, mas viu a sua
entrada recusada pelo Bispo D. António Barbosa Leão. Depois do contato com o
Bispo de Coimbra. D. Manuel Luís Coelho da Silva conseguiu ser aceite em outubro
de 1925 no Seminário de Coimbra. Foi ordenado padre em julho de 1929.
Em
1930 foi nomeado professor e prefeito do Seminário de Coimbra, desempenhando
algumas atividades de caráter social com os mais necessitados e com os presos.
Em
1932, D. Manuel Luís Coelho da Silva encarregou-o de um projeto denominado de Sopa dos Pobres, que revelou a sua
verdadeira vocação. Rapidamente passou de uma simples distribuição de alimentos
para doação de roupa, medicamentos, auxílio espiritual, etc. Ao contatar
diretamente com os estratos mais carenciados da população, o Padre Américo
denunciou situações de antagonismo social e de pobreza. No ambiente de ditadura
que se vivia em Portugal foi acusado de revolucionário e de comunista.
A
partir de 1935, a par da Sopa dos Pobres,
o Padre Américo começou a organizar colónias de férias para os filhos dos mais necessitados
em São Pedro de Alva: a Casa da Colónia.
Em Coimbra iniciou as Colónias de Campo
do Garoto da Baixa. Esta foi a base para a criação da Casa do Gaiato, uma vez que o educador percebeu a necessidade de
assistência permanente destas crianças.
O Padre
Américo foi o fundador da Obra de Rua
que era constituída por quatro instituições: Lares, Património dos Pobres,
Calvários e as Casas do Gaiato que de destinavam a acolher crianças sem família ou
vítimas de exclusão. As Casas do Gaiato
estavam sediadas em Miranda do Corvo (1940), Paço de Sousa (1943), Beire –
Paredes (1955), Santo Antão do Tojal (1948) e Setúbal (1955). Os Lares eram as instituições responsáveis
por integrar os jovens na sociedade após a saída da Casa do Gaiato.
A obra
de rua do Padre Américo tinha subjacente sete princípios fundamentais:
- Deus
– As comunidades possuíam uma capela e as crianças deviam ser educadas dentro
dos princípios católicos de amor aos pobres;
-
Liberdade – O Padre Américo sempre defendeu a não repressão, dando liberdade
aos jovens para tomarem as suas decisões;
-
Autogoverno – Os chefes de cada uma das áreas da Casa eram escolhidos entre os
próprios alunos da instituição;
-
Responsabilidade – Cada indivíduo tinha o livre arbítrio para tomar as suas
decisões, em liberdade, para que pudesse desenvolver a sua própria moral;
-
Trabalho – A educação pelo trabalho foi uma das teorias fundamentais para este
educador pois o trabalho eleva e dignifica o homem;
-
Família – Um dos objetivos das Casas era proporcionar afeto às crianças;
-
Natureza – O contato com a natureza foi uma das estratégias para a
“recuperação” dos jovens.
O
Padre Américo faleceu prematuramente em 1956 num acidente de viação. O processo
de canonização teve início em 1986.
Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.
MJS
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