2022/02/24

Mulheres na ciência: Hildegarda de Bingen (1098-1179)

 

Hildegarda de Bingen (1098 – 1179) foi uma monja beneditina, Santa e Doutora da Igreja Católica. Destacou-se como mística, teóloga, compositora, naturalista, médica, poetisa, dramaturga e escritora. Nasceu no seio de uma família da baixa nobreza de Bermershiem, sendo a décima filha de Hildebert e Mechtild.

Aos oito anos foi entregue aos cuidados de uma mestra de um grupo de monjas beneditinas do Mosteiro de Disibodenberg, onde aprendeu as primeiras letras e música. Em 1114 ingressou na Ordem, mas pouco se sabe desses primeiros anos que foram vividos em clausura. Após a morte da sua mestra, em 1136, Hildegarda foi a escolhida para dirigir os destinos do mosteiro.

Cerca de 1141 teve uma visão que lhe alargou o conhecimento dos textos das Escrituras. O papa incentivou-a a assumir esse dom profético, utilizando-o para a evangelização. Em 1148, devido a outra visão, deixou o mosteiro e foi para o Mosteiro de Rupersberg, arruinado e num local ermo, a fim de o revitalizar.

Continuou os seus escritos, datando de 1151 a sua primeira obra Liber scivias Domini (Livro do conhecimento dos caminhos do Senhor). As suas primeiras composições musicais e poéticas, bem como as observações científicas da natureza e da medicina iniciaram-se aqui.

Em 1158 iniciou o Liber vitae meritorum (Livro dos méritos da vida) onde analisa vícios e virtudes do homem, concluído em 1163. A partir de 1160 fez várias viagens na Alemanha e em França com o objetivo de pregar. As pregações de Hildegarda ficaram conhecidas pela crítica aos vícios do clero e pela condenação de heresias, como os Cátaros.

Em 1163 iniciou a sua obra teológica mais conhecida, só concluída em 1174, Liber divinorum operum (Livro das obras divinas), onde faz comentários sobre o Evangelho de São João e o sobre o Livro do Génesis.

A fundação de um novo mosteiro em Eibingen passaram a ocupar o seu tempo a partir de 1165. Hildegarda faleceu em 1179, sendo considerada atualmente uma das figuras mais relevantes do século XII. Ultrapassou vários preconceitos relativamente à mulher, sendo o seu objetivo revelar os mistérios da religião, do homem, da natureza e do universo.

Ao nível científico fez várias observações da natureza, sobretudo sobre plantas medicinais, cuja compilação e estudo permitiram novos tratamentos ao nível da medicina.

Mística, teóloga, música, escritora e investigadora, Hildegarda interliga várias correntes de pensamento, sendo essencial a visão holística da realidade. Focamo-nos nas suas obras sobre ciência, nomeadamente o Liber subtilitatum dicersarum naturaram creaturararum (Livro das propriedades – ou subtilezas – das várias criaturas da natureza), dividido em duas partes: Física e Causas e curas. Este foi o primeiro livro de Ciências Naturais escrito na época do Sacro Império Romano Germânico.

A forma como Hildegarda atingiu este tipo de conhecimentos é-nos desconhecida, uma vez que a frequência universitária estava vedada às mulheres, mas pensa-se que terá tido formação no convento. Estava familiarizada com a medicina de Galeno, Hipócrates, Plínio, o velho ou Isidoro de Sevilha, mas introduziu muitas terapias novas e o conceito de medicina holística.

Na primeira parte da sua obra, a Física, são descritas propriedades dos elementos naturais e a sua utilização medicinal nas práticas terapêuticas. A segunda parte, Causa e Cura, seria provavelmente um manual prático para o seu uso pessoal, com estudos sobre o corpo humano, a sua anatomia e fisiologia.

A sua terapêutica assentava em 5 pilares fundamentais: nutrir a alma; nutrir o corpo; viver de forma saudável quer ao nível físico, quer ao nível familiar; reforçar a imunidade; e fazer uma desintoxicação regularmente através do jejum ou da ingestão de líquidos. O excesso de alimentação, segundo ela, era prejudicial ao organismo. Embora atribua a causa de muitas doenças à religião, Hildegarda foi sem dúvida uma mulher à frente do seu tempo.

Camomila

ME/400439/29

ME/Escola Secundária Sebastião e Silva

Modelo de anatomia comparável de inflorescência de camomila (anthemis cotula), usado para o estudo morfológico e descrição sumária bem como na interpretação ecológica dos caracteres observados que, com graus de aprofundamento diferentes, se fazia nas disciplinas de Ciências Naturais.


Imagem parietal de espécie vegetal/Valeriana

ME/401857/283

Escola Secundária de Gil Vicente

O quadro representa a planta da valeriana em 7 imagens. À esquerda, ocupando todo o quadro a planta com raiz, caule, folhas e flor (a). À direita, em cima, a flor em corte longitudinal (c), ao lado a flor (b); por baixo, ao centro o fruto (e) e ainda por baixo, um corte transversal do fruto (f). Na parte inferior do quadro, à direita, o fruto em corte longitudinal (g) e o fruto (d). Ao fundo do quadro existe à esquerda, o nome da planta representada, em espanhol e em latim. Ao centro, estão impressas legendas em espanhol, referindo os elementos muito aumentados. Ainda ao fundo do quadro, do lado esquerdo, está a seguinte inscrição: Tablas de Engleder: Botánica - nº13; à direita, está a inscrição: Libreria de J.F. Schreiber, Esslingen (Alemania).


MJS

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