2019/05/20

Frei Heitor Pinto


O Liceu da Covilhã, criado pelo Decreto-Lei n.º 23 685, de 21 de março de 1934, atual Escola sede de agrupamento, tem como patrono Frei Heitor Pinto - quem foi o frade covilhanense, patrono desta escola?

O Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto (A.E.F.H.P.) é sedeado na cidade da Covilhã e cobre todo o território a sul do Concelho da Covilhã, inserido em meio urbano, semiurbano e rural, com difíceis acessibilidades principalmente no meio rural montanhoso, num espaço com modesto valor patrimonial, dotado de grande beleza paisagística e com perspetiva de desenvolvimento.

O Agrupamento A.E.F.H.P. enquadra-se geograficamente na Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela. A comunidade envolvente reside um pouco por todo o Concelho, com incidência significativa ao longo da designada “Corda do Rio” (Rio Zêzere), na encosta da Serra da Estrela e no designado Couto Mineiro, desenvolvendo a sua atividade principalmente no Couto Mineiro, na Região da Cova da Beira e, também, em toda a Beira Interior e ao nível nacional e internacional.


Frei Heitor Pinto terá nascido na Covilhã, em 1528, e falecido em 1584. Fez os seus estudos eclesiásticos no Convento da Costa em Coimbra, onde foi colega de D. António Prior do Crato, filho do Infante D. Luís, que teve o senhorio da Covilhã. Por carta de El-Rei, foi-lhe dado o grau de Mestre em 1554, tendo depois passado à Universidade de Siguença, onde tomou a borla doutoral em teologia. Em 1559, assistiu à coroação do Papa Pio IV, em Roma, onde se encontrava em negócios da sua Ordem. Foi Reitor do Colégio da Ordem em 1565, e mais tarde, em 1571, seria eleito Providencial em Portugal.

Jovem ainda, inclinou-se para as ciências filosóficas. A Imagem da Vida Cristã é um famoso livro, merecedor do grande êxito que o acolheu. Tem horror à observação sensorial e crê na grandeza de Deus, nas palavras dele. "Ninguém é bom senão Deus. Assim como o centro é um indivisível, e está no meio e dele saem as linhas para a circunferência, assim Deus é uma unidade simplicíssima, um ato puríssimo, que está em todas as coisas, do qual procedem os raios de formosura das criaturas. Ele está dentro em nós, e é fonte de todo o ser sendo mesmo nosso ser.” Desde cedo revelou extraordinários dotes intelectuais, pelo que os frades da sua congregação o enviaram para Coimbra, onde estudou Grego, Hebraico, Filosofia e Teologia. Foi, depois, encarregado de elaborar comentários às profecias de Isaías, obra que foi aprovada com louvor pelos Jesuítas e pelo procurador-geral dos Dominicanos.

Quanto à sua obra literária, importa considerar que, para além da Imagem da Vida Cristã, o autor publicou também uma série de comentários sobre o texto bíblico, editados em diversas cidades da Europa. Contudo, a Imagem da Vida Cristã Ordenada por Diálogos é, sem dúvida, a sua obra fundamental, tendo sido editada mais de 20 vezes durante o século XVI.

Obra cheia de espontaneidade é caracterizada simultaneamente por uma grande suavidade e vigor e, pese embora o seu estilo erudito e a profusão de imagens, apresenta-se leve e atrativa. O prolongado contacto com a cultura espanhola, as repetidas viagens a França e a Itália e o permanente amor pelos livros vão permitir-lhe uma abertura de horizontes e uma parceria ideológica com as correntes escolásticas esclarecidas.

Formalmente, a obra não recorre a argumentos por silogismos nem por acumulações de razões ou raciocínios e a sua postura literária era corrente no Renascimento, tal como o provam Os Colóquios, de Erasmo, Os Contos, de Bocaccio, Os Diálogos, de Francisco Holanda e alguma obra de João de Barros, entre outras.

Foi exilado por ordem de D. Filipe I de Portugal (II de Espanha) num mosteiro da sua Ordem, em Toledo, por defender as pretensões de D. António, Prior do Crato, à Coroa Portuguesa. Consta-se que terá dito ”Pode El-Rei Filipe meter-me em Castela, mas meter Castela em mim é impossível”.


P.M. 




BIBLIOGRAFIA:



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