A reforma do ensino promovida por Passos Manuel, em 1836 (Decreto Lei de 17 de Novembro), veio substituir todas as aulas de ensino secundário que se encontravam dispersas pelo nosso território, por um sistema de liceus nacionais, localizados em todas as capitais distritais do reino, determinando a criação do Plano dos liceus nacionais. Neste plano ficou determinado no seu art.º 41 que na cidade de Lisboa haveria dois Liceus.
Esses dois estabelecimentos de ensino vieram dar origem ao Liceu Passos Manuel e o Liceu Camões.
Em 1908, por Decreto de 17 de Julho (datado de 20 de Julho e publicado no D.G. de 21 de Julho) é autorizado ao "Lyceu Central da 2.ª zona escolar de Lisboa a usar o nome de Lyceu Passos Manuel".
A escolha da localização e a construção do atual edifício foram marcadas por dificuldades várias. O edifício virá a ser construído no local do antigo convento de Jesus, na atual Travessa do Convento de Jesus, tendo o primeiro projeto pertencido a um dos mais importantes arquitetos portugueses da época José Luís Monteiro, posteriormente modificado por Rafael da Silva e Castro e, com a morte deste, o projeto foi dado a Rosendo Carvalheira.
Em 1907, Rosendo Carvalheira realiza as alterações ao projeto inicial de raiz clássica introduzindo gosto arquitetónico mais atual, seguindo orientações no sentido de tornar a sua construção menos onerosa e mais adaptada às novas exigências pedagógicas e higienistas e de organização funcional. Foram, também, adotados novos materiais e técnicas de construção mais recentes nas fachadas (utilização de cimento armado, utilização de ferro na armação das coberturas do edifício) a substituição de cantaria por tijolo à vista.
(Planta/desenho do pavimento térreo - Escala 1:522)
Uma das novidades foi criação de uma nova conceção espacial no sentido proporcionar maior desenvolvimento intelectual e físico aos alunos, segundo um modelo próprio virado para o ensino moderno, com novas disciplinas e com condições pedagógicas, higiénicas e ginásios. Optou-se pela separação de espaços especializados e pelo aumento dos espaços abertos para recreio, dando-se expressão às preocupações higienistas com a saúde dos utentes, que de acordo com os conceitos da época, dependiam da capacidade de arejamento dos edifícios e da oxigenação das dependências, havendo ainda preocupações com a iluminação, projetando grandes janelas que facilitassem a entrada de luz e a renovação de ar.
Após a construção do edifício, que foi concluída em apenas dois anos, este começou a funcionar durante o ano letivo de 1910-1911, em pleno período de mudança política no país, correspondente à Implantação da República.
Liceus de Portugal, Boletim da Acção Educativa do Ensino Liceal, Nº1, Outubro de 1940;
Liceus de Portugal": histórias, arquivos, memórias/ coord. António Nóvoa, Ana Teresa Santa-Clara.
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