2025/09/04

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Maria Lamas (1893 – 1983)

 

(Imagem da autora retirada da internet)

 

Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas nasceu em Torres Novas a 6 de outubro de 1893, filha de Manuel Caetano da Silva e de Maria da Encarnação Vassalo e Silva. O seu pai foi guarda livros, comerciante, industrial e provedor da Misericórdia, pelo que Maria Lamas cresceu num meio pequeno-burguês e religioso.

Fez a instrução primária em Torres Novas e, por volta dos 10 anos, ingressou no Convento de Santa Teresa de Jesus, onde aprendeu a bordar, tocar piano, francês e português e onde permaneceu até aos 15 anos.

Em 1911 casou com Teófilo José Ribeiro da Fonseca, oficial republicano, com quem adquiriu uma formação política. Divorciou-se poucos anos depois, ficando com duas filhas a seu cargo.

Em 1919 começou a colaborar com a imprensa, nomeadamente com a Agência Americana de Notícias, dirigida por Virgínia Quaresma. Em 1921 voltou a casar com Alfredo da Cunha Lamas, jornalista monárquico.

Em 1925 dirigiu, juntamente com a filha, a publicação O Pintainho, onde era responsável pela secção infantil. Em 1926 lecionou no Instituto Luso-Belga e nos últimos anos da década de 20 passou a dedicar-se à escrita para crianças, sob o pseudónimo de Rosa Silvestre.

Entre 1921 e 1928, assinou o “Correio dos Pequeninos” no Correio da Manhã; entre 1927 e 1929, a “Semana Infantil” n’ A Voz; entre 1928 e 1930, “O Reino dos Miúdos” no Civilização, entre outros.

A partir de 1928, passou a dirigir o suplemento “Modas & Bordados” de O Século, onde fez alterações ao conteúdo do mesmo. Introduziu a coluna “O Correio da Joaninha”, onde respondia a questões de leitoras, sob o pseudónimo de Tia Filomena.

A sua obra reflete a preocupação com os mais humildes e simples, transmitindo ensinamentos baseados no facto de que nada se consegue sem esforço ou instrução e de que a bondade é sempre recompensada.

Em 1930 organizou a “Exposição da Obra Feminina Antiga e Moderna, de Carácter Literário, Artístico e Científico”.

A partir de 1936 tornou-se membro da Associação Feminina Portuguesa para a Paz e em 1945, Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, lutando pela alfabetização e pelos direitos das mulheres. Esta última foi proibida pelo Estado Novo em 1947 na sequência da organização da exposição “Livros escritos por mulheres”. Devido a esta situação, Maria Lamas teve de optar pelo Conselho Nacional ou pelo seu trabalho n’ O Século, sendo que decidiu a favor do primeiro.

Em 1949 fundou o magazine As quatro estações responsável por apenas 3 números. Entre 1948 e 1950 publicou Mulheres do meu país e em 1952, A Mulher no Mundo, obras que expuseram a realidade feminina.

A sua posição crítica face ao regime levou a perseguições e à prisão, pelo que se exilou em Paris entre 1962 e 1969. Com a revolução dos cravos em 1974 regressou a Portugal, tornando-se dirigente do Comité Português para a Paz e Cooperação e do Movimento Democrático das Mulheres, bem como diretora honorária das Modas & Bordados.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


Sem comentários: