Maria
da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas nasceu em Torres Novas a 6 de
outubro de 1893, filha de Manuel Caetano da Silva e de Maria da Encarnação Vassalo
e Silva. O seu pai foi guarda livros, comerciante, industrial e provedor da
Misericórdia, pelo que Maria Lamas cresceu num meio pequeno-burguês e
religioso.
Fez a
instrução primária em Torres Novas e, por volta dos 10 anos, ingressou no
Convento de Santa Teresa de Jesus, onde aprendeu a bordar, tocar piano, francês
e português e onde permaneceu até aos 15 anos.
Em
1911 casou com Teófilo José Ribeiro da Fonseca, oficial republicano, com quem
adquiriu uma formação política. Divorciou-se poucos anos depois, ficando com
duas filhas a seu cargo.
Em
1919 começou a colaborar com a imprensa, nomeadamente com a Agência Americana de Notícias, dirigida
por Virgínia Quaresma. Em 1921 voltou a casar com Alfredo da Cunha Lamas,
jornalista monárquico.
Em
1925 dirigiu, juntamente com a filha, a publicação O Pintainho, onde era responsável pela secção infantil. Em 1926
lecionou no Instituto Luso-Belga e nos últimos anos da década de 20 passou a
dedicar-se à escrita para crianças, sob o pseudónimo de Rosa Silvestre.
Entre
1921 e 1928, assinou o “Correio dos Pequeninos” no Correio da Manhã; entre 1927 e 1929, a “Semana Infantil” n’ A Voz; entre 1928 e 1930, “O Reino dos
Miúdos” no Civilização, entre outros.
A
partir de 1928, passou a dirigir o suplemento “Modas & Bordados” de O Século, onde fez alterações ao conteúdo
do mesmo. Introduziu a coluna “O Correio da Joaninha”, onde respondia a
questões de leitoras, sob o pseudónimo de Tia Filomena.
A sua
obra reflete a preocupação com os mais humildes e simples, transmitindo
ensinamentos baseados no facto de que nada se consegue sem esforço ou instrução
e de que a bondade é sempre recompensada.
Em
1930 organizou a “Exposição da Obra Feminina Antiga e Moderna, de Carácter
Literário, Artístico e Científico”.
A
partir de 1936 tornou-se membro da Associação Feminina Portuguesa para a Paz e
em 1945, Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, lutando pela
alfabetização e pelos direitos das mulheres. Esta última foi proibida pelo
Estado Novo em 1947 na sequência da organização da exposição “Livros escritos
por mulheres”. Devido a esta situação, Maria Lamas teve de optar pelo Conselho
Nacional ou pelo seu trabalho n’ O Século,
sendo que decidiu a favor do primeiro.
Em
1949 fundou o magazine As quatro estações
responsável por apenas 3 números. Entre 1948 e 1950 publicou Mulheres do meu país e em 1952, A Mulher no Mundo, obras que expuseram a
realidade feminina.
A sua
posição crítica face ao regime levou a perseguições e à prisão, pelo que se
exilou em Paris entre 1962 e 1969. Com a revolução dos cravos em 1974 regressou
a Portugal, tornando-se dirigente do Comité Português para a Paz e Cooperação e
do Movimento Democrático das Mulheres, bem como diretora honorária das Modas & Bordados.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS
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