Augusto
Joaquim Alves dos Santos nasceu a 14 de outubro de 1866 em Ponte de Lima, filho
de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos e de Ana Maria Alves Soares. Ingressou
no Seminário de Braga, tendo recebido a ordenação como sacerdote em 1891.
Em 1893
matriculou-se no Curso de Teologia da Universidade de Coimbra que concluiu em
1899. Em 1900 obteve o grau de Doutor em Teologia. Passou de imediato a
lecionar na Faculdade (Teologia Dogmática, Ética Cristã Geral e Teologia Moral),
acumulando estas funções com as de Inspetor do Ensino. Em 1906 publicou o
resultado do seu trabalho na Estatística
geral da circunscrição escolar de Coimbra relativa ao ano de 1903-1904.
Em
1908 fundou o Colégio Nacional de Coimbra e em 1910 publicou A nossa escola primária – O que tem sido, o
que deve ser. Foi também Diretor da Biblioteca Geral da Universidade de
Coimbra até ao final da sua vida.
Em
1911, após a instauração da república tornou-se militante do Partido
Republicano Evolucionista e do Partido Republicano Nacionalista. Com a extinção
da Faculdade de Teologia, passou a lecionar na Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra. Acabou por abandonar o sacerdócio e casou-se com D.
Maria Adélia de Oliveira.
Em
1912 fez viagens à Bélgica e à Suíça, na qualidade de professor, para efetuar
alguns estudos na área de Psicologia. Como resultado destes estudos, em 1912/1913
fundou o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental, em Coimbra. O
trabalho desenvolvido neste Laboratório constava de lições, observações,
experiências e mensurações.
Esteve
ligado à criação das Escolas Normais Superiores de Lisboa e Coimbra, tendo
lecionado nesta última as cadeiras de Pedagogia (1915-1919), Psicologia
Infantil (1915-1919), Moral e Instrução Cívica Superior (1917-1921). Em 1916
tornou-se Doutor em Letras.
Entre
1918 e 1922 desempenhou vários cargos: Vogal do Conselho Superior de Instrução
Pública, Deputado, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra e Ministro do
Trabalho.
A
grande importância deste educador consistiu, entre outros aspetos, no
desenvolvimento da pedologia e na construção de uma teoria pedagógica sobre a
criança. Para Alves dos Santos, as crianças apresentavam diferenças
fisiológicas entre si, baseadas na idade e no sexo, mas também diferenças
sociais e hereditárias. Desta forma, estabeleceu seis fases no desenvolvimento
infantil: Recém-nascença (do nascimento ao primeiro mês), Infância (do primeiro
mês aos 3 anos); Puerícia (3 aos 7 anos); Adolescência (7 aos 12/14 anos nos
rapazes e 7 aos 11/13 anos nas raparigas); Puberdade (final da adolescência aos
16 anos nos rapazes e aos 15 anos para as raparigas); e Nubilidade (15/16 aos
20 anos).
No seu
propósito de construir uma pedagogia portuguesa, Alves dos Santos distinguiu
duas áreas: a Biopedologia, que estudava as leis do crescimento da criança, e a
Psicopedologia, que versava o desenvolvimento da mentalidade da criança,
baseando-se na hereditariedade e no meio físico e social.
Quanto
ao seu pensamento pedagógico, este estudioso defendeu a importância dos fatores
hereditários e da educação. Para que a transmissão de conhecimentos tivesse
sucesso, a criança só deveria iniciar a escolaridade a partir dos 6 ou 7 anos
de idade. A partir dos 7 e até aos 14 anos, a criança estava predisposta à
aprendizagem da educação moral. A educação cívica, praticamente inexistente,
tornou-se igualmente um dos aspetos que defendeu.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS
Sem comentários:
Enviar um comentário