2011/02/25

Peça do mês


Corte de cabeça humana
Modelo de anatomia apresentando a cabeça humana e o pescoço, em corte transversal, disposto em alto-relevo numa base de madeira. Era utilizado para ilustrar o estudo dos órgãos que, com graus de aprofundamento diferentes, se fazia na disciplina de Ciências Naturais. Representa um corte longitudinal da cabeça e pescoço, deixando ver o cérebro, espinal medula, encéfalo, bolbo raquidiano, boca, nariz, fossas nasais, faringe e laringe.
O modelo pertence à Escola Básica e Secundária Anselmo de Andrade, com o número de inventário ME/400877/1
Anatomia é uma palavra que deriva do grego antigo νατομή [anatome], que significa "seccionar". É uma das áreas de Biologia que tem por objeto o estudo da estrutura interna e externa dos seres vivos, bem como das suas funções vitais. Em termos práticos, o estudo anatómico concretiza-se através da dissecação de seres vivos ou da observação de modelos anatómicos como o que se apresenta.
Existiu desde sempre uma necessidade de conhecer e sobretudo compreender o funcionamento do corpo humano, nomeadamente do cérebro. Pode referir-se a importância dos primeiros estudos realizados no século IV a. C. por Herófilo que, através da dissecação de cadáveres humanos, apontou o cérebro como a fonte de inteligência e do comando do sistema nervoso.
O estudo da anatomia da cabeça e pescoço abrange cérebro, ossos, músculos, vasos sanguíneos, nervos, glândulas, nariz, boca, dentes, língua e garganta. No topo da cabeça humana encontra-se o crânio, a estrutura óssea que protege o encéfalo. A maior parte dos órgãos sensoriais (visão, audição, olfato e gosto) localizam-se nesta zona, em cavidades que se ligam através do sistema nervoso ao cérebro. A parte anterior da cabeça é a face e a parte posterior a nuca. Os ossos e músculos que compõem o pescoço permitem que a cabeça se mantenha direita.

2011/02/23

Arquitectura escolar: percursos e obras (cont.)

Continuamos, neste espaço a prestar homenagem a arquitectos que, ao longo dos anos, foram enriquecendo o património escolar português.
 
José Sobral Blanco (1905-1990) nasce numa pequena povoação da Galiza, mas desenvolve toda a sua formação em Lisboa, completando o curso de arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa na década de 1920.
No início dos anos 1930 faz parte das equipas de projectistas da JCETS – Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, no âmbito da qual participa no Plano de novas Construções, Ampliações e Melhoramentos de Edifícios Liceais aprovado em 1938.
Esta, vulgarmente conhecido por 'Plano de 38', é um projecto emblemático do Estado Novo, marcado pela ideia de 'ressurgimento material e espiritual da nação', que pretende construir 10 liceus novos e intervir em 13 existentes, e cuja execução irá estender-se por duas décadas. No seio desta equipe, José Sobral Blanco projecta e acompanha a execução de diversos liceus: Setúbal (1945), Carolina Michaelis, no Porto (1951), Oeiras (1953) e Portimão (1965).
É ainda no âmbito da Junta que se inicia o Plano das Construções para o Ensino Técnico, a partir de 1947. Sobral Blanco assina, nesta altura, os projectos de diversas escolas comerciais e industriais: Setúbal (1951), Portalegre (1953), Marquesa de Alorna, em Lisboa (1955), Torres Novas (1956) e Oliveira de Azeméis (1959). Na construção destas escolas técnicas são experimentados novos processos construtivos, embora haja uma maior simplificação e uniformização tipológica, relativamente aos projectos dos Liceus.
Em 1969, a JCETS é transformada em Direcção-Geral das Construções Escolares. Sobral Blanco mantém-se nela até à sua aposentação, em 1975. Nesta fase final, as orientações da tutela são menos apertadas que haviam sido as da JCETS, sendo permitida uma menor uniformidade tipológica. Para além disso, as inovações pedagógicas do final do Estado Novo reflectem-se numa outra concepção do edifício escolar, mais flexível, polivalente, e articulado. Em termos estruturais, esta fase é marcada pela criação do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário, e pela necessidade de projectar edifícios para esta nova unidade escolar.
A par com o trabalho nas construções escolares, que domina praticamente toda a sua vida profissional, Sobral Blanco mantém alguma actividade privada, nomeadamente na Galiza, sua terra natal. Dedica-se ainda à docência no Instituto Espanhol, actividade que mantém para além da sua aposentação como projectista da Direcção-Geral das Construções Escolares.
 

 

2011/02/17

Arquitectura escolar: percursos e obras (cont.)

Continuamos, neste espaço a prestar homenagem a arquitectos que, ao longo dos anos, foram enriquecendo o património escolar português.
Jorge Segurado (1898-1990) foi um dos arquitectos emblemáticos da Arquitectura Moderna em Portugal.
Licenciado pela Escola de Belas Artes de Lisboa, foi desde os anos 30 arquitecto da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Nesse período, realiza duas viagens que serão fundamentais para a introdução de novas linguagens estéticas em Portugal: em 1931, à Alemanha, com o seu amigo, o artista Mário Eloy, para visitar a Bauhaus; e no final da década, com António Ferro, aos Estados Unidos, onde projecta os pavilhões de Portugal em S. Francisco e Nova Yorque.
Pouco depois, em 1940, colabora na exposição do Mundo Português, tendo sido o arquitecto responsável pelas 'Aldeias Portuguesas'; e dirige, a partir de 1944, a instalação do Museu de Arte Popular, resultante da adaptação de pavilhões da Exposição dos Centenários.
Entre outras obras, foi o autor da Casa da Moeda, um dos exemplos maiores do modernismo arquitectónico português, e dos Estúdios da Tóbis Portuguesa, também em Lisboa.
Na segunda metade dos anos 50, projecta dois importantes conjuntos de arquitectura habitacional em Lisboa: na Av. do Brasil, os chamados 'blocos amarelos' do Montepio Geral, que ganharam essa designação informal devido ao seu revestimento azulejar amarelo vivo; e no cruzamento da Avenida dos Estados Unidos da América com a Avenida de Roma, os quatro blocos, semelhantes dois a dois, que definem a praça.
Jorge Segurado dedicou-se também à escrita, de que ficou testemunho em obra publicada, bem como à pintura e ao desenho, tendo realizado uma última exposição em 1983, na Galeria Diário de Notícias, em Lisboa.
No domínio da arquitectura escolar, projectou o edifício do Liceu D. Filipa de Lencastre, no Bairro do Arco do Cego, em Lisboa, inaugurado em 1938.
Este Liceu, que havia sido criado em 1928, funcionara em instalações provisórias no Palácio Corte Real, na Rua do Quelhas e, mais tarde, num edifício de habitação, à Estrela, onde se mantém até 1938.
Entretanto, tinha sido encomendado, a Jorge Segurado, o projecto de um edifício para Escola Primária, no bairro do Arco de Cego, com um programa de tal modo amplo que teria feito desta a maior escola primária do país. Este programa, porém, é considerado demasiado ambicioso. É então pedido ao arquitecto a reformulação do projecto, de modo a instalar o liceu D. Filipa de Lencastre, vindo este a tornar-se um dos edifícios liceais emblemáticos da capital.

2011/02/10

Arquitectura escolar: percursos e obras


Muitos têm sido os arquitectos que foram deixando a sua marca no património escolar português. É justo prestar-lhes homenagem. Neste espaço, vamos evocando o percurso de alguns dos «arquitectos escolares» portugueses.
 
Augusto Pereira Brandão é um dos arquitectos portugueses com mais obra feita no campo da arquitectura escolar.
Formou-se em Arquitectura em 1955 na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, e desenvolveu posteriormente um longo percurso académico, ligado primeiramente à Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde fez concurso de agregação, em 1968, tendo sido Presidente dos Conselhos Directivo, Científico e Pedagógico entre 1976 e 1984.
No âmbito do processo de reestruturação da Escola Superior de Belas Artes e criação da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, foi Vogal da sua Comissão Instaladora, em 1984/86. Mais tarde foi nomeado professor Catedrático da Faculdade, sendo Presidente do Conselho Directivo e Vice-Presidente do Conselho Científico em 1990/91.
Desenvolve, em seguida uma longa colaboração com outras universidades, nomeadamente como Director do Departamento de Arquitectura da Universidade Lusíada, de que foi Vice-Reitor (1991-1994), Director do Departamento de Artes da Universidade Moderna (1993-1998), Director do Departamento de Arquitectura e Design da Universidade Independente (1998-1999). Mais recentemente, encontra-se ligado à Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de que é Pró-Reitor.
A sua actividade como arquitecto desenvolveu-se especialmente na área das construções escolares. Foi técnico superior da Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário e da Direcção-Geral das Construções Escolares entre 1955 e 1974, tendo dirigido o Grupo Técnico que projectou, entre outros, os edifícios dos Liceus Rainha D. Leonor, em Lisboa (1956), da Covilhã (1960), Garcia da Horta, no Porto (1966), de Gondomar (1965), da Maia (1967), de Vila Nova de Gaia (1967).
Participou no Grupo de Estudos sobre Construção Escolar, organizado segundo o "Plano Regional do Mediterrâneo", cuja conclusão foi a construção da Escola Primária Piloto, em Mem-Martins e as Escolas Secundárias de Vila Nova de Gaia e Barreiro.
Dirigiu também o Grupo criado para a concepção e construção das primeiras 20 Escolas Preparatórias das quais já se construíram 30 desde 1968. E dirigiu o Gabinete de Estudos para a construção Universitária da Universidade Técnica de Lisboa, no âmbito do que se projectou a Faculdade de Arquitectura.
Tem ainda uma intensa actividade no âmbito da intervenção e recuperação de património, em Portugal e no estrangeiro. No campo da escrita, tem mais de uma dezena de livros publicados e inúmeras intervenções em revistas de arquitectura.