O Colégio de
Campolide foi um estabelecimento de ensino administrado pelos padres da
Companhia de Jesus que funcionou durante a segunda metade do século XIX no
bairro de Campolide, em Lisboa.
“O fundador do colégio de Campolide foi o P.e Carlos
João Rademáker, cujo apelido lhe veio do seu bisavô paterno de origem
holandesa. Nasceu em Lisboa a 1 de junho de 1828, […] decidido a consagrar-se
ao estado eclesiástico, tratou de estudar teologia, vindo a ordenar-se a 20 de
outubro de 1851, cantando a primeira missa a 29 do mesmo mês.” (Grainha, 1913,
p. XII, ss).
Em 1853, Padre Rademáker tomou conta de alunos pobres,
acolhendo-os numa casa no Largo da Páscoa. Em 1857 transferiu-os para a Rua de
Buenos Aires, em 1858, finalmente, para o Colégio de Campolide:
“[…] As Instalações do Colégio: tendo começado por uma modesta casa na
Quinta da Torre, em Campolide, comprada pelo seu fundador, o padre Carlos João
Rademáker, em breve se transformou numa imponente construção que em 1908 tinha
160 m de comprimento. Actualmente, estas instalações reformuladas, pela sua
extensão e capacidade, são usufruídas pela Faculdade de Economia da
Universidade Nova de Lisboa” (Santos, 2011, p. 157).
Na publicação Historia
do Colégio de Campolide da Companhia de Jesus[1] (p.
42 ss.), é descrito o engrandecimento material do Colégio de Campolide com o
dinheiro das beatas, dos amigos e dos alunos. O Padre Rademáker comprou na
Quinta da Torre, em Campolide, uma pequena casa com 34 metros de comprimento - transformando-a
numa construção enorme de 160 metros de comprimento, cuja grandeza comparada
com a da primitiva se poderá avaliar pelos desenhos feitos por ocasião do
quinquagésimo aniversário do Colégio, onde este aparece nas suas duas fases, de
1858 e 1908:
Segundo a Direcção-Geral do Património (2002), foi em
21 de julho de 1858 que foi fundado o Colégio da Companhia de Jesus de Nossa
Senhora da Conceição de Campolide pelo padre Carlos Rademaker, na Quinta da
Torre, adquirida ao poeta João de Lemos (1818-1890) pela quantia de quatro
contos de réis, funcionando aí o Instituto de Caridade. Em 1860 assistiu-se à transferência
do Instituto de Caridade para a Casa do Barro, em Torres Vedras.
As obras para ampliar o edifício originário começaram
logo em 1861, com uma casa para poente, anexa à primitiva, de uns 17 metros de
comprido, onde estabeleceram um dormitório em forma de galeria tendo uns
camarins em baixo do pavimento e outros tantos por cima destes, num total de
30.
Em 1865 construiu-se um novo lanço para nascente,
onde, até 1890, no rés-do-chão funcionavam as aulas e no primeiro andar esteve
um dormitório, sendo tudo demolido nesse ano para dar lugar á parte central da
atual frontaria. De 1867 até 1880, as construções foram feitas do lado da
quinta: em 1867, a parte pegada com a nova igreja, cujo primeiro andar se
dividiu em 10 quartos para os padres; de 1871 a 1872, as três alas ocupadas
pelas salas de estudo, refeitório dos alunos e cozinha; em 1877, mais duas alas
parta poente das anteriores, para serviços dos padres, com cave e dois andares,
a que em 1902 se acrescentou um terceiro. Em 1879 lançou-se a primeira pedra
para a nova igreja, que se concluiu em abril de 1884.
Em 1185 começou-se a edificação da nova fachada - o
primeiro lanço a nascente, com 25 metros de comprimento, que pôde ser habitado
em 1890; o outro lanço até à igreja começou-se em 1891, estando a parte central
terminada em 1895 e, por sua vez, a última em 1900.
O edifício tinha duas torres elevadas, a mais alta das
quais, no extremo ocidental, com 40 metros de altura, abrangendo-se do cimo
dela um dos mais extensos panoramas de Lisboa e seus arredores.
P. M.
BIBLIOGRAFIA:
DIREÇÃO-GERAL DO PATIMÓNIO CULTURAL (2002). Colégio de Maria Santíssima Imaculada de Campolide. Colégio de Campolide.
Quartel do Batalhão de Caçadores N.º 5. Faculdade de Economia da Universidade
Nova de Lisboa [em linha]. Sacavém: Sistema de Informação para o Património
Arquitectónico [Consult. 7 de fevereiro
de 2024]. Disponivel: www. monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3138.
GRAINHA, M. Borges (1913). História
do Colégio da Companhia de Jesus: escrita em latim pelos padres do mesmo
Colégio onde foi encontrado o manuscrito. Coimbra: Imprensa da Universidade.
SANTOS,
Maria Alcina (2011). Elites salazaristas
transmontanas no estado novo o caso de Artur Águedo de Oliveira (1894-1978) [em
linha]. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [Consulta 7 de
fevereiro de 2024]. Disponível: https://hdl.handle.net/10316/18281.
GRAINHA,
M. Borges (1913). “Engrandecimento material do Colégio da Campolide com o
dinheiro das beatas, dos amigos e dos alunos” in: História do Colégio da Companhia de Jesus: escrita em latim pelos
padres do mesmo Colégio onde foi encontrado o manuscrito. Coimbra: Imprensa
da Universidade, p. 42-48.