(Imagem de Delfim Santos retirada da internet)
Delfim
Pinto Santos nasceu no Porto a 6 de novembro de 1907, filho de Arnaldo Pinto,
oriundo de uma família modesta. Começou a trabalhar aos 11 anos na oficina do
pai, que veio a falecer em 1922. Em 1927 concluiu os Cursos Complementares de
Letras e de Ciências na Escola Industrial.
Em
1931 terminou a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de
Letras do Porto. Frequentou ainda algumas cadeiras de Filologia Clássica e de Matemática.
Entre
1931-32 iniciou a sua carreira docente no Liceu Nacional José Falcão, em
Coimbra. Completou as cadeiras pedagógicas na Universidade de Coimbra e fez
estágio no Liceu Normal de Pedro Nunes, em Lisboa, entre 1933-34, prosseguindo
depois a sua carreira no Liceu Gil Vicente entre 1934-35.
Entre
1935 e 1941 foi-lhe concedida uma bolsa da Junta de Educação Nacional. Esteve
em Viena onde tomou contato com Moritz Schlick, Karl Bühler e Othmar Spann. Em
Berlim foi marcado pelo pensamento de Nikolai Hartmann. Em 1937 deslocou-se a
Londres, tendo estudado no British Institute of Philosophy, em Cambridge. Em
1940 apresentou a tese epistemológica Conhecimento
e Realidade à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, obtendo o
Doutoramento.
Regressou
definitivamente a Portugal em 1942 e, após uma breve passagem pelo Liceu
Camões, ingressou na faculdade, em 1943, como primeiro assistente de Ciências
Pedagógicas. Em 1947 concorreu a professor extraordinário com a dissertação Fundamentação existencial da pedagogia e
em 1950 tornou-se professor catedrático lecionando História da Educação
(1942-1943 e 1965-66), Pedagogia e Didática (1947-48 a 1965-66) e Psicologia
Escolar e Medidas Mentais (1958-59).
Em
1957 o Ministério da Educação Nacional incumbiu Delfim Santos de uma visita aos
institutos de educação em Madrid, Paris, Bruxelas, Londres, Frankfurt,
Heidelberg, Roma e Viena para analisar planos curriculares e estratégias de
formação de professores. O objetivo era a futura criação do Instituto Superior
de Educação.
Entre
1958 e 1962 foi professor de Psicologia e Sociologia no Instituto de Altos
Estudos Militares. Em 1959 foi eleito representante do Senado Universitário do
Conselho Escolar da Faculdade de Letras de Lisboa e em 1961 integrou o Conselho
Consultivo da Fundação Calouste Gulbenkian para preparar a criação de um Centro
de Investigação Pedagógica.
Foi
membro da Academia das Ciências de Lisboa e presidente da Sociedade Portuguesa
de Escritores em 1962. Tornou-se um precursor da utilização dos meios
audiovisuais na educação, tendo presidido o Conselho Pedagógico do IMAVE
(Instituto dos Meios Audiovisuais de Ensino) criado em 1964.
Ao
longo da vida participou em inúmeras publicações periódicas, congressos e
conferências. Pode destacar-se a Linha
Geral da Nova Universidade em que o educador propôs o fim da Universidade
para dar lugar a outra, totalmente diferente, orientada para o aluno e para a
formação de homens livres e socialmente interventivos. Esta conceção, anti
massificadora, pôs em evidência que o homem era um ser em permanente mudança e
evolução, devendo o educador aceitar a diferença do outro. Adepto do Método
Montessori, defendeu a importância da criança enquanto ser único, sendo esta a
sua característica primordial.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS