2024/11/07

As Bibliotecas e a História - A Biblioteca de Pérgamo - A grande rival de Alexandria (Parte I)

 

Vista da Acrópole
Fonte: https://labibliotecadepergamo.com 

Pérgamo foi uma cidade da Grécia antiga, localizada na Anatólia, onde hoje se encontra a cidade de Bergama, na região do Egeu, na Turquia. Conhecida pela sua produção de algodão, ouro e tapetes, a cidade foi, durante a Antiguidade, o importante centro cultural greco-romano de Pérgamo, cujas ruínas continuam, ainda hoje, a induzir significativo interesse e curiosidade em turistas e investigadores. A famosa biblioteca encontrava-se na acrópole de Pérgamo, no recinto sagrado de Atena, e no seu apogeu apenas conheceu uma rival: a biblioteca de Alexandria.

A cidade teve grande importância como centro administrativo, constituindo uma aliança com Roma e cortando a aliança com os gregos. Após estabelecer uma política de paz com Roma, já no século III, desenvolveu um clima favorável à cultura, especialmente sob o reinado do Rei Átalo I, o qual, juntamente com seu filho Eumenes, congregou na sua corte eruditos e artistas, com o desejo explícito de converter a cidade de Pérgamo como um grande centro de conhecimento, através do fomento da cultura e da arte, capaz de rivalizar com Alexandria e tornar-se “a nova Atenas de Péricles”. O próprio Átalo I destacou-se, ele próprio, enquanto escritor. Em boa verdade, os monarcas de Pérgamo eram grandes colecionadores de arte e acima de tudo bibliófilos, demonstrando uma grande preocupação com a cultura, à semelhança da dinastia dos Ptolemeus do Antigo Egito. Os faraós desta dinastia tinham sido responsáveis por várias construções de vulto, entre as quais se destacam a cidade de Alexandria (com o seu farol e biblioteca), o templo de Hórus, em Edfu, e o templo de Ísis, em Filas. Convém, também, sublinhar que as bibliotecas na antiguidade não eram apenas lugares onde se armazenavam e copiavam documentos; funcionavam, igualmente, como centros da vida intelectual, onde os eruditos trabalhavam e ensinavam, sob o alto patrocínio dos monarcas reinantes; daí que, para estes últimos, as bibliotecas representassem motivo de grande orgulho.

Sendo sucedido pelo seu filho, o rei Eumenes II (governou entre 197 e 159 a.C.), Pérgamo tornou-se uma metrópole rica e desenvolvida, ao ponto de ser comparada com as grandes cidades de Alexandria e Antioquia. Muitas obras de escultura e de arquitetura foram produzidas nessa época, incluindo o altar de Pérgamo. Nos seus tempos áureos, Pérgamo chegou a albergar 60 000 habitantes. Contava com o maior teatro alguma vez erigido, com capacidade para cerca de 10 000 espectadores. Após a queda de Constantinopla (atual, Istambul), Pérgamo tornou-se parte do Império Otomano.


Edifício do Altar de Pérgamo
Fonte: https://en.wikipedia.org/

De qualquer modo, a biblioteca de Pérgamo tornou-se uma referência dentre as mais importantes bibliotecas da antiguidade. Relatos históricos mencionam a existência de quatro grandes salas, sendo que a maior funcionava como sala de leitura, repleta de prateleiras, onde se encontrava uma estátua representando a deusa da sabedoria, Atena. Acredita-se que esta biblioteca tenha guardado alguns dos mais importantes manuscritos de Aristóteles, entre os cerca de 200 000 volumes do seu acervo, segundo os escritos de Plutarco. Infelizmente, não sobreviveu nenhuma espécie de catálogo ou relação que permita conhecer com detalhe a verdadeira dimensão e constituição desta coleção. Sabemos, no entanto, que os manuscritos eram registados em suporte de pergaminho, enrolados e armazenados em nichos e prateleiras. Há a teoria que atribui a origem do pergaminho à cidade de Pérgamo, no entanto, o mais certo e correto será talvez falar dela como o local de maior produção e uso desse tipo de suporte.

 

JMG


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