Pérgamo
foi uma cidade da Grécia antiga, localizada na Anatólia, onde hoje se encontra a
cidade de Bergama, na região do Egeu, na Turquia. Conhecida pela sua produção
de algodão, ouro e tapetes, a cidade foi, durante a Antiguidade, o importante
centro cultural greco-romano de Pérgamo, cujas ruínas continuam, ainda hoje, a
induzir significativo interesse e curiosidade em turistas e investigadores. A famosa
biblioteca encontrava-se na acrópole de Pérgamo, no recinto sagrado de Atena, e
no seu apogeu apenas conheceu uma rival: a biblioteca de Alexandria.
A
cidade teve grande importância como centro administrativo, constituindo uma
aliança com Roma e cortando a aliança com os gregos. Após estabelecer uma
política de paz com Roma, já no século III, desenvolveu um clima favorável à
cultura, especialmente sob o reinado do Rei Átalo I, o qual, juntamente com seu
filho Eumenes, congregou na sua corte eruditos e artistas, com o desejo
explícito de converter a cidade de Pérgamo como um grande centro de
conhecimento, através do fomento da cultura e da arte, capaz de rivalizar com
Alexandria e tornar-se “a nova Atenas de Péricles”. O próprio Átalo I
destacou-se, ele próprio, enquanto escritor. Em boa verdade, os monarcas de
Pérgamo eram grandes colecionadores de arte e acima de tudo bibliófilos,
demonstrando uma grande preocupação com a cultura, à semelhança da dinastia dos
Ptolemeus do Antigo Egito. Os faraós desta dinastia tinham sido responsáveis
por várias construções de vulto, entre as quais se destacam a cidade de
Alexandria (com o seu farol e biblioteca), o templo de Hórus, em Edfu, e o
templo de Ísis, em Filas. Convém, também, sublinhar que as bibliotecas na antiguidade
não eram apenas lugares onde se armazenavam e copiavam documentos; funcionavam,
igualmente, como centros da vida intelectual, onde os eruditos trabalhavam e
ensinavam, sob o alto patrocínio dos monarcas reinantes; daí que, para estes
últimos, as bibliotecas representassem motivo de grande orgulho.
Sendo
sucedido pelo seu filho, o rei Eumenes II (governou entre 197 e 159 a.C.),
Pérgamo tornou-se uma metrópole rica e desenvolvida, ao ponto de ser comparada
com as grandes cidades de Alexandria e Antioquia. Muitas obras de escultura e
de arquitetura foram produzidas nessa época, incluindo o altar de Pérgamo. Nos
seus tempos áureos, Pérgamo chegou a albergar 60 000 habitantes. Contava
com o maior teatro alguma vez erigido, com capacidade para cerca de 10 000
espectadores. Após a queda de Constantinopla (atual, Istambul), Pérgamo
tornou-se parte do Império Otomano.
De
qualquer modo, a biblioteca de Pérgamo tornou-se uma referência dentre as mais
importantes bibliotecas da antiguidade. Relatos históricos mencionam a
existência de quatro grandes salas, sendo que a maior funcionava como sala de
leitura, repleta de prateleiras, onde se encontrava uma estátua representando a
deusa da sabedoria, Atena. Acredita-se que esta biblioteca tenha guardado
alguns dos mais importantes manuscritos de Aristóteles, entre os cerca de
200 000 volumes do seu acervo, segundo os escritos de Plutarco.
Infelizmente, não sobreviveu nenhuma espécie de catálogo ou relação que permita
conhecer com detalhe a verdadeira dimensão e constituição desta coleção. Sabemos,
no entanto, que os manuscritos eram registados em suporte de pergaminho,
enrolados e armazenados em nichos e prateleiras. Há a teoria que atribui a
origem do pergaminho à cidade de Pérgamo, no entanto, o mais certo e correto
será talvez falar dela como o local de maior produção e uso desse tipo de
suporte.
JMG
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