2025/09/29

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo V – As Cantinas

 

 

A ideia da “cantina social” como instituição cívica tinha vindo a ser abandonado desde 1926. No entanto, o Estado Novo considerou ser uma boa imagem de propaganda política ajudar a “matar a fome” às crianças de famílias carenciadas.

Só através da iniciativa de particulares, através de doações, se conseguiu arranjar capitais para a construção de cantinas. Foi o caso da Escola-Cantina D. América da Rocha Melo em Novelas, Penafiel, cujo projeto dos Arquitetos Baltazar de Castro e Rogério de Azevedo data de 1932; e da Escola-Cantina D. Maria do Carmo da Rocha Melo em Convento, sede de freguesia de Bustelo em Penafiel, com um projeto do Arquiteto Joaquim Areal de 1934.


(Imagem do alçado e planta da Escola-Cantina D. América da Rocha Melo, Novelas)


Muitos outros edifícios foram igualmente construídos por todo o país, até que em 1946 o Estado acumulou a obrigação de edificar as cantinas, uma vez que tinha aceite os fundos de manutenção. O Arquiteto Fernandes de Sá apresentou um projeto intitulado Cantinas Escolares – Edifícios Tipo que incluía sala de jantar, lavabos, quarto da ecónoma, instalações sanitárias, despensa, cozinha e anexos e carvoeira. O projeto foi aprovado reduzindo as divisões para um refeitório, cozinha, despensa e telheiro para lenha.


(Imagem do alçado principal e planta de uma Cantina Escolar para 8 salas - Tipo Urbano)


As obras iniciaram-se em zonas do Norte: Trás-os-Montes, Minho e Douro. No Alentejo e Algarve, o projeto-tipo foi da autoria do Arquiteto Alberto de Sousa, aprovados em 1949. Rapidamente se percebeu que uma cantina com apenas um refeitório não era suficiente para escolas com 8 ou mais salas de aula. Depois do pedido feito pela Obra das Mães e pela Câmara de Reguengos de Monsaraz, o governo autorizou a construção de uma cantina compatível com a população escolar. Em 1955 foi aceite que as cantinas tivessem lavabos.

Nas zonas do Centro e de Lisboa, os trabalhos desenvolvidos tiveram em conta os projetos do Norte e do Sul, repetindo-se as plantas e adaptando-se algumas zonas da fachada.

Em 1966 foi feito um novo estudo para os edifícios das cantinas, introduzindo-se uma estrutura antissísmica.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


MJS


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