2025/09/11

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Abel Pereira de Andrade (1866 – 1958)

 

 

(Imagem do autor, retirada da internet)

Abel Pereira de Andrade nasceu a 5 de outubro de 1866 em Vila do Conde e fez os seus estudos secundários em Braga. Na Universidade de Coimbra licenciou-se em Teologia em 1891 e em Direito em 1896. Na Faculdade de Direito de Coimbra obteve o grau de doutor em 1898, iniciando a sua carreira como professor.

A par da profissão docente, a vertente política fez parte da sua vida desde 1889, sendo eleito por diversas vezes como deputado do Partido Regenerador. Entre 1902 e 1906 exerceu funções como Diretor-Geral de Instrução Pública.

Durante este período dedicou-se ao planeamento e reforma do sistema educativo, destacando-se as seguintes medidas: organização dos serviços de estatística de escolas primárias e liceus; inventário dos imóveis que se encontravam nas instituições de ensino; lançamento do projeto de construção de escolas primárias por todo o país. A ação de Pereira de Andrade ficou igualmente ligada à contestação dos professores primários no que se refere às condições económicas e sociais. Foi afastado do cargo por João Franco, acusado de abuso de confiança.

Com o regime autoritário instalado a partir de 1926, Pereira de Andrade tornou-se catedrático de Direito Penal na Faculdade de Direito de Lisboa (1927) e posteriormente, Presidente da Federação Nacional das Instituições de Proteção à Infância. Em 1928 foi encarregue de preparar a reforma do ensino secundário liceal.

Destacou-se sobretudo pelas suas ideias de defesa da família e pela regulamentação de acesso das crianças às sessões de cinema. Pereira de Andrade defendeu a tese de que as crianças e adolescentes eram extremamente sugestionáveis, sobretudo através de meios visuais e, como tal, um “mau filme” poderia transmitir valores contrários aos da moral cristã. O Estado deveria, desta forma, proteger os menores dos seus encarregados de educação.

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


2025/09/08

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo IV – A Necessidade de Novos Edifícios e de uma Nova Rede Escolar (Parte I)


IV – A Necessidade de Novos Edifícios e de uma Nova Rede Escolar

1 - O Plano de Educação Popular

2 - Os Novos Edifícios: Tipo Urbano e Tipo Rural

 

Em 1950 o índice de analfabetismo era muito elevado em Portugal. Para fazer face a esse e outros problemas estruturais que atrasavam o país em relação à Europa e ao mundo foi criado o I Plano de Fomento (1953 – 1958) na tentativa de melhorar a produtividade e o nível de vida, diminuindo o desemprego.

No final de 1952 o governo tinha publicado o Plano de Educação Popular que visava abranger todos os cidadãos no sentido de completar o ensino primário. Todas as crianças eram obrigadas a frequentar a escola primária até à aprovação no exame do ensino elementar e, caso os encarregados de educação não cumprissem este dever, eram aplicadas multas e retirava-se o abono de família.


(Imagens de cartazes da Campanha Nacional de Educação de Adultos)


No que respeitava aos jovens e adultos, o estado providenciou cursos noturnos de preparação para os referidos exames. Foi criada a Campanha Nacional da Educação de Adultos para que as medidas pudessem ser implantadas. Esta frequência obrigatória do ensino evidenciou a insuficiência da rede escolar de 1941 e a necessidade de rever o Plano dos Centenários.

Em janeiro de 1956 foi apresentado o primeiro estudo para os novos edifícios escolares com 1 sala de aula e bastante simplificados pelo Arquiteto Fernando Peres. 


(Imagens desenhadas de escolas do Tipo Urbano - 1 Sala - Solução A)

Nesse estudo foram enumerados os seguintes pontos, a ter em consideração:

- escolas do tipo urbano com 2 soluções (localidades com algum grau de desenvolvimento económico) e do tipo rural com duas soluções (localidades menos desenvolvidas e rurais);

- uniformização das dimensões de salas de aula, vestíbulos, alpendres, vãos e blocos sanitários;

- simplificação das coberturas;

- eliminação de fogões de sala;

- redução das cantarias e da espessura das paredes.

O Tipo Urbano manteve os espaços das escolas do Planos dos Centenários com sala de aula de 8 x 6 m, vestíbulo, recreio coberto, bloco sanitário e uma pequena arrecadação. O Tipo Rural tinha a sala de aula igual ao Tipo Urbano, um anexo com 2 compartimentos sanitários e um pequeno abrigo coberto na zona da entrada.


(Imagens do alçado e planta de escolas Tipo Rural com 2 salas/ 1 sexo/ Solução A e 2 salas/ 2 sexos/ Solução A)


Estes projetos tiveram desde logo uma melhoria substancial: a eletrificação dos edifícios. Quer o Tipo Urbano, quer o Tipo Rural rapidamente sofreram alterações, sendo aumentado o número de salas consoante as necessidades sentidas nas localidades.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


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