A
ideia da “cantina social” como instituição cívica tinha vindo a ser abandonado
desde 1926. No entanto, o Estado Novo considerou ser uma boa imagem de
propaganda política ajudar a “matar a fome” às crianças de famílias
carenciadas.
Só
através da iniciativa de particulares, através de doações, se conseguiu
arranjar capitais para a construção de cantinas. Foi o caso da Escola-Cantina
D. América da Rocha Melo em Novelas, Penafiel, cujo projeto dos Arquitetos
Baltazar de Castro e Rogério de Azevedo data de 1932; e da Escola-Cantina D.
Maria do Carmo da Rocha Melo em Convento, sede de freguesia de Bustelo em
Penafiel, com um projeto do Arquiteto Joaquim Areal de 1934.
Muitos
outros edifícios foram igualmente construídos por todo o país, até que em 1946
o Estado acumulou a obrigação de edificar as cantinas, uma vez que tinha aceite
os fundos de manutenção. O Arquiteto Fernandes de Sá apresentou um projeto
intitulado Cantinas Escolares – Edifícios Tipo que incluía sala de jantar,
lavabos, quarto da ecónoma, instalações sanitárias, despensa, cozinha e anexos
e carvoeira. O projeto foi aprovado reduzindo as divisões para um refeitório,
cozinha, despensa e telheiro para lenha.
As
obras iniciaram-se em zonas do Norte: Trás-os-Montes, Minho e Douro. No
Alentejo e Algarve, o projeto-tipo foi da autoria do Arquiteto Alberto de
Sousa, aprovados em 1949. Rapidamente se percebeu que uma cantina com apenas um
refeitório não era suficiente para escolas com 8 ou mais salas de aula. Depois
do pedido feito pela Obra das Mães e pela Câmara de Reguengos de Monsaraz, o
governo autorizou a construção de uma cantina compatível com a população
escolar. Em 1955 foi aceite que as cantinas tivessem lavabos.
Nas
zonas do Centro e de Lisboa, os trabalhos desenvolvidos tiveram em conta os projetos
do Norte e do Sul, repetindo-se as plantas e adaptando-se algumas zonas da
fachada.
Em
1966 foi feito um novo estudo para os edifícios das cantinas, introduzindo-se
uma estrutura antissísmica.
Fonte: BEJA, Filomena, et al.
Muitos Anos de Escolas – Volume II –
Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa,
Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.
MJS
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