2025/10/23

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo VII – Dos Edifícios às Escolas

 

VII – Dos Edifícios às Escolas

1 - Obras complementares; Arranjos Exteriores

2 - A sala de Aula. Material Didático. Mobiliário

 

Um dos requisitos básicos para a construção de uma escola era a existência de água potável e esgotos. Em Portugal esta situação ocorria nos meios urbanos pelo que foi necessário acrescer às despesas com as escolas a captação de água e um sistema de esgotos.

Entre outros trabalhos complementares que eram necessários incluía-se a terraplanagem e a vedação dos logradouros. Estas vedações eram, geralmente, pequenos muros ou cercas para os quais se elaborou um projeto de Vedação-tipo para edifícios escolares. No Norte e Centro construíram-se “muros de suporte”.


(Imagens de dois tipos de vedações)


No que respeitava às salas de aula, as condições não eram as melhores, estando sobrelotadas. Nas zonas mais frias teve de se recorrer à instalação de salamandras para fazer face ao rigor dos meses de inverno.

O material didático era escasso, fornecido pela DGEP (Ministério da Educação Nacional) e muitas vezes chegava incompleto ou fazia parte de alguma doação.


(Imagem de um catálogo comercial de material escolar)


O mobiliário obedeceu a parâmetros mais rigorosos e a estudos anatómicos realizados pelo médico Almiro do Vale. Em 1937 os modelos desenhados pelo Engenheiro Almiro de Figueiredo foram aprovados.


(Imagens de carteiras escolares)


Em 1943 foi feito um novo estudo para a elaboração de mobiliário escolar da autoria do Arquiteto Silva Bessa. Já em 1963, o Engenheiro Macêdo Gonçalves apresentou um estudo para uma nova linha de mobiliário que previa cadeiras e mesas separadas.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


MJS


2025/10/20

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Lutgarda de Caires (1873 – 1935)

 

(Imagem da autora retirada da internet)
 

Lutgarda Guimarães de Caires nasceu a 15 de novembro de 1873 em Vila Real de Santo António, filha de José Rodrigues Guimarães e de Maria Teresa de Barros Guimarães, tendo ficado órfã de mãe muito cedo. O meio familiar sempre foi propenso a atividades culturais e musicais. Apesar da sua dedicação ao canto, alguns problemas de saúde impediram-na de enveredar por uma carreira artística. A poesia foi a sua escolha, tendo tido sucesso e reconhecimento nesse meio.

Mudou-se do Algarve para Lisboa onde casou com João de Caires, advogado e fundador da Sociedade de Propaganda de Portugal. A partir de 1905 colaborou com vários jornais. Publicou a obra Glicínias em 1910, Papoilas em 1912 e A Dança do Destino em 1913, entre muitas outras de caráter infantojuvenil.

As crianças foram objeto de ações de voluntariado da sua parte, através do apoio dado nos hospitais. Foi impulsionadora da iniciativa Natal das Crianças dos Hospitais que se manteve até aos dias de hoje.

Em 1911 foi abordada pelo Ministro da Justiça para fazer um estudo acerca da situação das detidas e de medidas de caráter social. Afirmou-se uma defensora das mulheres e das crianças expondo as condições críticas a que as reclusas estavam sujeitas. De acordo com a autora “Proteger, educar e elevar a mulher e a criança é proteger, educar e elevar o homem (…)”. Reconheceu que a posição da mulher na sociedade era praticamente nula, sem direitos reconhecidos pela lei e sem qualquer tipo de proteção. Denunciou a inexistência de saídas profissionais para o sexo feminino: as mulheres eram vistas como inferiores pois não dispunham de uma educação adequada.

Nesse sentido, toda a sua obra foi orientada para a defesa dos direitos legais da mulher e para o acesso à educação como forma de a dignificar. A melhoria das condições de vida das reclusas e a adoção de práticas humanitárias no seu tratamento foram aspetos que marcaram o seu pensamento.

Em 1923 venceu os Jogos Florais de Ceuta com o poema Florinhas da Rua, cujo nome foi recuperado mais tarde pela Condessa de Rilvas para uma instituição de proteção de mulheres.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS