2014/07/30

Seomara da Costa Primo: o espólio museológico


Seomara da Costa Primo: o espólio museológico


A Escola Secundária Seomara da Costa Primo, Amadora, tem à sua guarda o núcleo fundamental do espólio da investigadora. Foi constituído através de doações de várias escolas e particulares, tendo sido organizado em 1989, quando a Escola Secundária da Venteira alterou o seu nome, tendo como patrona esta ilustre personagem.

No total conta com 600 objetos museológicos que incluem aguarelas, manuais escolares, publicações, apontamentos, objetos pessoais e vários livros.

No Museu Virtual da Educação estão identificados 155 registos da autoria de Seomara da Costa Primo, entre os quais, pinturas, desenhos e imagens parietais de ciências naturais. Este espólio encontra-se distribuído por várias escolas, entre as quais a Escola Secundária D. João de Castro, Escola Secundária de Passos Manuel, Escola Secundária Josefa de Óbidos, Escola Secundária Rainha D. Amélia, Escola Secundária Raínha D. Leonor, Escola Secundária Alves Martins e Escola Secundária Seomara da Costa Primo.

ME/402436/442
Imagem parietal de embriogénese
Podemos, assim apontar alguns exemplos disponíveis no Museu Virtual, como é o caso das imagens parietais da embriogénese utilizadas em contexto das práticas pedagógicas de ciências naturais, representando de forma extremamente rigososa e científica, a segmentação do ovo.

A demonstração gráfica de leis científicas, como é o caso da Lei de Mendel, também faz parte do seu espólio. Trata-se de um conjunto de príncipios que dizem respeito à transmissão hereditária de características e que se tornaram fundamentais para as descobertas futuras ligadas aos cromossomas. 

Os desenhos da autora são diversos, executados em diferentes materiais: carvão, aguarela, tinta da china, entre outros. São imagens de grande rigor científico e beleza, relacionados com as áreas de botânica e de zoologia.

Na área da botânica podemos apontar um desenho extremamente realista, realizado a carvão e que representa algumas folhas 

Outro exemplo é um desenho, executado em aguarela, onde surgem quatro imagens de grande rigor: dois tipos de flores em corte transversal e ao lado duas imagens aumentadas e em corte, com grande pormenor.


Também na área da zoologia, as representações de Seomara da Costa Primo são extremamente realistas, rigorosas e científicas, para além de sua beleza intrínseca.

ME/402760/79
Desenho
A imagem de dois pássaros num galho de árvore, velando pelo seu ninho, elaborada a tinta-da-china, é um exemplo representativo da versatilidade da autora.

Digno de nota é igualmente o desenho a aguarela de dois pássaros exóticos, provavelmente papagaios ou araras que se encontram pousados sobre um galho de árvore.


Bibliografia:  
Museu Virtual da Educação (2014) [em linha].
[Consulta: 27 de junho de 2014]

Escola Secundária Seomara da Costa Primo (2014) [em linha].
[Consulta: 27 de junho de 2014]




MJS

2014/07/22

Seomara da Costa Primo - Vida e obra literária



Seomara da Costa Prima: a sua vida e a sua obra literária


Seomara da Costa Primo (1895 - 1986) distinguiu-se em diversas áreas, quer como professora do Ensino Liceal e Universitário, quer como investigadora, bem como como desenhadora e ilustradora. Transcrevemos o texto de Guida Aguiar de Carvalho, com ligeiras alterações, disponível no site da Escola Secundária Seomara da Costa Primo.
“Filha de Maria Luísa Buttuller e de Manuel da Costa Primo, nasceu em Lisboa, na freguesia do Socorro, no dia 10 de Novembro de 1895 e veio a falecer na Amadora, onde viveu cerca de meio século, no dia 2 de Abril de 1986.
Frequentou como aluna o liceu Passos Manuel, enquanto vivia com seu pai na Rua de S. João da Praça. Nesse liceu, terminou o Curso Complementar de Ciências em 1913, entrando de seguida na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa onde concluíu o Curso de Ciências Histórico-Naturais em 1919.
No decurso do ano lectivo de 1917-18 frequentou na Faculdade de Medicina as cadeiras de Histologia e Embriologia. Em 1942 defendeu a Tese de Doutoramento, tendo sido a primeira mulher a doutorar-se em Ciências, o que lhe valeu a divulgação do ocorrido na Imprensa quotidiana bem como o acesso à cátedra de Botânica na Faculdade de Ciências de Lisboa em 1943.
Foi como professora do Ensino Liceal - cargo que viria a acumular com a docência Universitária entre 1921 e 1942 - que desenvolveu intensa actividade tanto no campo científico e pedagógico como no associativo.
Tendo frequentado o Curso do Magistério Liceal, diplomou-se pela Escola Normal Superior e concluíu o Exame de Estado no ano de 1922. Leccionou no antigo Liceu Almeida Garrett e no seu sucessor, Maria Amália Vaz de Carvalho, tendo deixado nas suas alunas uma forte impressão abonatória, que ainda hoje é vivamente recordada.
Foi autora de diversos compêndios para o Ensino Liceal, de Botânica, de Biologia e de Zoologia -profusamente ilustrados com aguarelas e carvões executados por si- que acompanharam gerações de alunos do Ensino Liceal, entre os anos trinta e setenta. O seu gosto pelo desenho e pela pintura permite encontrar no seu espólio um número muito significativo de aguarelas, representando plantas e animais.
O nome de Seomara da Costa Primo surge também associado à Federação das Associações dos Professores dos Liceus Portugueses (cujos Estatutos foram aprovados em Maio de 1926), não só pelo facto de desde 1927, ter feito parte dos seus corpos gerentes, mas igualmente por ter apresentado diversas comunicações nos Congressos realizados pela associação.
Foi pela mão da Professora Seomara que o cinema educativo se estreou no Liceu Maria Amália, no dia 24 de Junho de 1929, com o filme "Chang", de que o suplemento de "O Século" (o "Cinéfilo") faz eco, ao publicar um extenso artigo de Seomara intitulado "«Chang», Uma lição no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho", onde, para além de uma história breve do Cinema, são salientadas as vantagens do cinema educativo como forma de aproximar os alunos da realidade.
No suplemento de "O Século", o "Modas & Bordados", dirigido por Maria Lamas, é revelado o interesse de Seomara relativamente à Cruz Vermelha Infantil, organização ligada à Sociedade das Nações, ao proferir, em Lisboa, no dia 25 de Junho de 1930, uma conferência sob o título "A educação e a cruz vermelha da mocidade".
Quanto à educação, Seomara pensava que: "A educação não consiste já na acumulação de noções por vezes demasiada, numa exagerada fase intelectual -conjunto de noções mal fixadas umas, mal interpretadas outras, por vezes mal usadas todas- consiste antes na preparação do indivíduo para a vida, visando aquela selecção e cultura das qualidades da raça, tornando-o apto a agir e a vencer no meio a que é destinado" (Primo, 1939). Mas, para além desta visão global da educação, também se pronuncia relativamente à necessidade de adopção de novos métodos de ensino - o que, aliás, o discurso curricular oficial irá propor, sem no entanto realizar - e tomando uma posição crítica relativamente aos programas do ensino liceal : "...transformação dos métodos de ensino em métodos activos, que tendem a favorecer a actividade pessoal da criança, procurando rodeá-la das mesmas condições que encontrará na vida, levando-a a resolver problemas em que é colocada, dentro das suas forças e da sua mentalidade, o que é certo é que também nos nossos programas muito pouco se cuida dos problemas da vida." (Primo, 1930).
Também a especificidade feminina foi objecto de referência, no que concerne ao papel da mulher na sociedade e à educação das raparigas: "Quanto mais esclarecida (...) for [a mulher], tanto mais elevará a sua missão de mãe. A cultura nunca fará mal às raparigas. Poderá resultar melhor até, porque é a mulher, de facto, quem exerce mais influência no espírito dos filhos. Fomentar, pois, a sua cultura, elevar a sua mentalidade, é pedra de toque de um país verdadeiramente civilizado" (Primo, 1943).
Seomara foi autora de inúmeros artigos de índole científica, publicados na imprensa da especialidade, bem como em órgãos de divulgação, tendo sido citada na imprensa estrangeira. Efectuou diversas viagens de estudo de âmbito científico e pedagógico, à França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Suiça.
Apesar de ter lutado pela dignificação da profissão docente e pelo estatuto da mulher na sociedade portuguesa e de ter veiculado esses princípios junto das pessoas que com ela conviveram, os seus últimos anos de vida foram passados com grandes dificuldades de subsistência.”
No decorrer da sua vida, Seomara publicou várias obras de caráter cientifico e alguns manuais escolares. A lista apresentada foi retirada do site da Escola Secundária Seomara da Costa Primo, redigida por Guida Aguiar de Carvalho e encontra-se organizada por ordem cronológica:
  • «Chang» Uma lição no Liceu Mª Amália Vaz de Carvalho, (1929). in Cinéfilo, nº 50.
  • O XI Congresso Internacional de Ensino Secundário, (1929). Imprensa Portugal-Brasil.
  • Do Êxito das Ciências Biológicas do Ensino Secundário, (1929). Imprensa Portugal-Brasil.
  • A educação e a Cruz Vermelha da mocidade, (1930). in Modas & Bordados, nº 957.
  • A educação e a Cruz Vermelha, (1930). Imprensa Beleza.
  • Cruz Vermelha Infantil, (1931). Imprensa Portugal-Brasil.
  • Compêndio de Botânica para a II e V classes do Liceu (1932).
  • Compêndio de Botânica para a VI e VII classes do Liceu (1932).
  • Algumas observações sobre a folha de cistus em habitats diferentes (1934). Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • Action du progynon sur la croissance des végetaux (1935). Bulletin de la Societé Portugaise des Sciences Naturelles, nº 4. Lisboa.
  • Compêndio de Botânica para as III, IV e V classes dos Liceus (1935). Lisboa: Edição da autora.
  • Quelques observations sur la végétation de Sagres et du Cap de São Vicente (1936). Bulletin de la Societé Portugaise des Sciences Naturelles, nº 17. Lisboa.
  • Sur le comportement des germinations des graines en présence de quelques alcools, (1936). Bulletin de la Societé Portugaise des Sciences Naturelles, nº 21. Lisboa.
  • Action du progynon sur la germination et l'allongement des racines, (1936). Separata do Boletim da Sociedade Broteriana, Vol XI. Lisboa.
  • O grânulo do pólen na classificação das plantas, (1937). Naturalia, nº 4. Lisboa.
  • Compêndio de Biologia, III Ciclo do Liceu (1937). Lisboa: Livraria Bertrand.
  • Compêndio de Botânica, II e V Anos do Liceu (1937). Lisboa: Livraria Bertrand.
  • Compêndio de Botânica, VI e VI Anos do Liceu (1937). Lisboa: Livraria Bertrand.
  • Carlos de Lineu (1938) O Académico Figueirense, nº5 - Ano V - 5ª série e Separata de O Académico Figueirense, Figueira da Foz.
  • Compêndio de Zoologia, IV, V e VI Anos do Liceu, (1939). Lisboa: Sá da Costa.
  • Algumas considerações sobre a tese «Localização do Ensino Secundário num Plano Geral de Ensino», (1939). Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • Valor Educativo das Ciências Biológicas, (1941). Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • Contribuição para o estudo comparativo da acção do arsénio e da colquicina na célula vegetal, (1941). Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • Da acção do naftaleno na mitose da célula vegetal, (1941). I Congresso Nacional de Ciências Naturais. Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • Da influência dos vapores do timol e da cânfora na célula vegetal, (1941). I Congresso Nacional de Ciências Naturais. Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • Do comportamento da cariocinese na presença de alguns alcoois, (1941). I Congresso Nacional de Ciências Naturais. Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • Da influência do p-diclorobenzeno na germinação e na mitose, (1942). in Bulletin de la Société Portugaise des Sciences Naturelles, nº 5. Lisboa.
  • Contribuição para o estudo da estrutura do citoplasma, (1943). Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil.
  • A Mulher contemporânea, entrevista, (1943). Diário de Lisboa, 21 de Maio.
  • Entrevista (1944). Eva, Número de Março.
  • Compêndio de Botânica, II Ciclo do Liceu, (1950). Lisboa: Livraria Bertrand.
  • Biologia, 6º ano, (1965). Lisboa: Sá da Costa.
  • Zoologia, 3º ano, (1965). Lisboa: Sá da Costa.
  • Botânica, 4º e 5º anos, (s/ data). Livraria Popular Francisco Franco.





Bibliografia:  
Museu Virtual da Educação (2014) [em linha].
[Consulta: 27 de junho de 2014]

Escola Secundária Seomara da Costa Primo (2014) [em linha].
[Consulta: 27 de junho de 2014]



Imagens:

Memória recente e antiga (2014) [em linha]
[Consulta: 27 de junho de 2014]






MJS

2014/07/16

Peça do mês de julho

Detetor de Branly

Detetor ou coesor de Branly, isolado sobre uma base de madeira, composto por um dispositivo tubular de vidro, em cujo interior se encontra limalha de ferro. Através de um conjunto de vários elétrodos encontra-se ligado a uma antena e à terra. A ocorrência de uma descarga elétrica oscilatória através de limalha provoca a passagem de corrente no circuito. A bateria fornece mais corrente e o interruptor eletromagnético é acionado, emitindo um som audível. O martelo do mecanismo de campainha bate no coesor de Branly, fazendo com que a limalha se disperse e haja interrupção da corrente. É o primeiro detetor de oscilações eletromagnéticas, de sensibilidade suficiente para possibilitar a construção dos primeiros recetores de rádio de aplicação prática. Está inventariado com o número ME/400427/106 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária de Santa Maria Maior.
Édouard Branly (1844 – 1940) foi um físico e médico francês, considerado um dos precursores da invenção da rádio graças ao seu invento, o chamado detetor de Branly. Graças aos seus trabalhos na área da radio condução, Marconi efetua em 1899 as ligações radiotelegráficas que conduziriam à telegrafia sem fios.
Branly foi um aluno brilhante, tendo iniciado os seus estudo em 1852 no Collège de Saint-Quentin.Em 1869 foi nomeado chefe de trabalhos do laboratório de ensino de física na Faculdade de Ciências de Paris e da Escola Prática de Altos Estudos, dirigida por Paul Desains. Em 1876, Branly deixa a Universidade, tornando-se professor no Instituto Católico de Paris. No que respeita às suas investigações, os resultados mais importantes foram a descoberta do princípio da radio-condução (1890) e a invenção da telemecânica (1905).

MJS

2014/07/09

Cavendish no Museu Virtual da Educação


Cavendish no Museu Virtual da Educação


Henry Cavendish (17311810) foi um físico e químico britânico, nascido em Nice, França. A sua mãe, Lady Anne Grey, era filha do Duque de Kent e o seu pai, Lord Charles Cavendish era filho do Segundo Duque de Devonshire.
Em 1742 ingressou na Dr. Newcome's School, situada perto de Londres. Em 1749, prosseguiu os seus estudos, embora não os tenha concluído, na Universidade de Cambridge em St Peter's College. Cavendish frequentava a Royal Society e era bastante respeitado pelos seus membros.
Uma das experiências mais importantes realizadas por Cavendish, entre 1797 e 1798, teve por objetivo medir a densidade da Terra. O cientista aproveitou a ideia da balança de torção, e criou um dispositivo com uma haste e uma esfera de chumbo em cada uma das pontas, determinando a constante da gravitação universal.

ME/8055548/227

Ao estudar os fenómenos elétricos, Cavendish criou um aparelho de demonstração que se designa atualmente por hemisférios de Cavendish. É constituído por uma esfera metálica com suporte isolante e dois hemisférios, ocos, que s e adaptam às dimensões da esfera. Após eletrizar a esfera concluiu nos condutores a eletricidade distribui-se pela superfície externaé
Cavendish isolou, produziu e estudou o hidrogénio (H2). Outros cientistas, como é o caso de Robert Boyle, já o tinham feito, mas só Cavendish reconheceu que o hidrogénio era um elemento químico. Observou igualmente, à semelhança de Watt e Lavoisier, que quando misturado com oxigénio, o hidrogénio reagia transformando-se em água.

ME/401614/30
Cem anos antes de William Ramsay e Lord Rayleigh, Cavendish também determinou a composição da atmosfera terrestre: 79.167% de nitrogénio e argónio e 20.8333% de oxigênio.

Cavendish morreu em 1810, aos 78 anos, mas muitas das suas descobertas só foram conhecidas após a sua morte. Cavendish era um indivíduo muito reservado, evitando publicar a maior parte dos seus trabalho. Em 1879, James Clerk Maxwell tomou conhecimento dos documentos de Cavendish e encontrou muitas descobertas e antecipações. Entre estas podemos referir o conceito de “potencial elétrico” e de “constante dielétrica”; a relação entre potencial elétrico e corrente, atualmente designada por Lei de Ohm; leis para a divisão da corrente em circuitos paralelos, atribuída a Wheatstone; e a Lei de Coulomb.


  

Bibliografia:  
Museu Virtual da Educação (2013) [em linha].
[Consulta: 28 de Novembro de 2013]

Museu da Física da Escola Secundária Alexandre Herculano (2013) [em linha].
[Consulta: 28 de Novembro de 2013]

Professor Bruce Mattson - Creighton University (2013) [em linha]
[Consulta: 28 de Novembro de 2013]

Michigan Technological University. Department of Chemistry (2013) [em linha].
[Consulta: 28 de Novembro de 2013]

Baú da Física e Química. Instrumentos antigos de Física e Química de escolas secundárias em Portugal (2013) [em linha]
[Consulta: 28 de Novembro de 2013]




MJS