2012/08/29

Manuais escolares - património bibliográfico

O manual escolar enquanto património bibliográfico é, por excelência, testemunho da história fatual. O património bibliográfico da Biblioteca Histórica da Educação, à guarda da Secretaria-Geral do Ministério da Educação e Ciência, apresenta uma panóplia de documentos que vão desde o século XVIII até ao século XX. Faça download do artigo aqui.

2012/08/22

Manuais escolares - património arquivístico










A Secretaria-Geral do Ministério da Educação e Ciência possui um riquíssimo acervo de manuais escolares de vários autores, épocas e áreas do conhecimento. Deste espólio constam obras do século XVIII, tal como a Nova Escola para aprender a ler, escrever, e contar de Andrade de Figueiredo, datado de 1722 [i],até à atualidade.

A nível da arquivística destaca-se a existência de exemplares não editados – documentos únicos pertencentes a processos de arquivo –, por terem sido inspecionados pela Real Mesa Censória ou por se apresentarem a concurso de livro único, durante o Estado Novo.

Durante muitos anos o órgão que tutelava a instrução pública era o Concelho Superior de Instrução Pública, com sede em Coimbra. Através deste concelho eram feitas as escolhas dos manuais escolares para todo o país, assim como a criação dos programas dos liceus (Cf. Saraiva, 2003).

Como é do nosso conhecimento, durante a 1.ª República, a instabilidade política em Portugal levou a que nem sempre a legislação fosse respeitada no que respeita à adoção de manuais escolares – muitas vezes os concursos para a apresentação de manuais escolares não se realizavam. No concurso realizado em 1921, todos os livros foram rejeitados, deixando a escolha dos manuais a cargo dos professores.

No Diário do Governo, n.º 276, de 5 de Dezembro de 1900 declara-se:

“Nas obras approvadas os seus auctores farão as correcções indicadas pela commissão respectiva e Conselho Superior d’ Instrucção Publica, para o que devem apresentar na direcção de instrucção publica, a fim de examinarem os pareceres e fazerem as alterações n’elles indicadas... [...]”.

Devido a estas confluências históricas, os manuais escolares manuscritos, datilografados e reeditados, na posse da Secretaria-Geral do Ministério da Educação e Ciência, podem ser vistos nas suas vertentes bibliográfica, arquivística ou museológica – visão integrada.

A Secretaria-Geral é detentora de vários manuais escolares de concurso que necessitavam de aprovação para a sua circulação e uso escolar, mesmo antes do Estado Novo. Estes manuais escolares são tratados arquivisticamente, ainda que os trâmites da sua aprovação os convertam em património bibliográfico.

Destacam-se dois exemplos: O manual escolar intitulado Desenho: opusculo para a 1.ª, 2.ª e 3.ª classes d' instrucção primaria, oficialmente aprovado por decreto de 21 de Novembro de 1910, e posteriormente, rejeitado no processo da Direção Geral de Instrução Primária, entrada a 6 de Agosto, Livro 2,N.º 56, fl. 130.

No exemplar de concurso datado de 1911, na página de rosto, na parte superior direita, encontra-se a palavra rejeitado. Na página seguinte encontra-se a seguinte observação manuscrita: Declaro, como editor desta obra, que ainda tenho em depósito treze mil exemplares. Quantidade que refuto suficiente para a venda no próximo ano letivo e seguinte. Assinado, Porto, 4 de Agosto 1913, João Gonçalves.

Não existe qualquer outra observação para a rejeição deste manual escolar, além de mais, a edição datada de 1911 é exatamente à idêntica à edição de 1910 que a Secretaria-Geral disponibiliza no SIBME com a cota: BMEP MAN 2322.

Um exemplo de manual escolar de concurso aceite e manuscrito: Leituras, II classe: ensino primário elementar de Manuel Subtil (1875-1969); José da Cruz Filipe (1890-1972); Faria Artur (1881-1871); Gil de Oliveira Mendonça (1879-1947). A Secretaria-Geral detém na sua base de dados a 3.ª edição de 1930, a 21.ª edição de 1935, a 62.ª edição de 1942 com as cotas respetivas BMEP MAN 106, BMEP MAN 182 e IAACFMAN 4. Todo o manual está datilografado a roxo e com anotações manuscritas avermelho. A numeração das páginas foi feita a lápis verde e todas as folhas estão assinadas por Manuel Subtil.


 

BIBLIOGRAFIA


CARVALHO, Maria da Graça Serreira Pena (2010).O manual escolar como objecto de design[on-line]: Tese apresentada à Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa para a obtenção do grau de Doutor em design<http://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/2791/1/Tese%20vol.1%20CD.pdf>[Consulta: Maio 2011]

 

COSTA, Fernando Monteiro da (2010).Da Capo al Coda, manualística de Educação Musical em Portugal (1967-2004): configurações, funções, organização[on-line]: Tese de doutoramento em História, Faculdade de Letras Universidade do Porto, 2010<http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/51228/2/tesedoutfernandocosta000116641.pdf> [Consulta:Maio 2011]

 

KUHN, Thomas S. (1996).A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva.

 

_________ (1979). Lógica da descoberta ou psicologia da pesquisa [on-line]:Extraído das atas do Colóquio Internacional sobre Filosofia da Ciência, (Londres, 1965)<http://www.estondela.pt/Biblioteca/livros/filosofia/logica_descoberta_psic_pesquisa.pdf>[Consulta: Maio 2011]

 

MAGALHÃES, Justino (2006).O manual escolar no quadro da história cultural, para uma historiografia do manual escolar em Portugal [on-line]:Sísifo. Revista de Ciências da Educação;Vol. 1 (2006), p. 5-14<http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/01-Justino.pdf>[Consulta: Maio 2011]

 

MERLEAU-PONTY, M. (1999).Fenomenologia da percepção (trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura). São Paulo : Martins Fontes.

 

OLIVEIRA, Anderson Rodrigo de Oliveira (2007). A revolução coperniciana na obra Crítica da Razão Pura de Immanuel Kant[on-line]: Trabalho de conclusão do curso de filosofia do Instituto de Filosofia Santo Tomás de Aquino, Seminário Diocesano de São Carlos, 21 de Nov. de 2007<http://br.monografias.com/trabalhos-pdf/revolucao-copernicana-razao-pura-ant.pdf>[Consulta: Maio 2011]

 

55PANEK, Bernadette (2006). Livro de artista: uma integração entre poetas e artistas [on-line]:Anais, IV Fórum de pesquisa científica em arte, Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2006<http://www.embap.pr.gov.br/arquivos/File/anais4/bernadette_panek.pdf> [Consulta:Maio 2011]

 

PINTO, Mariana oliveira (2003). Estatuto e função dos manuais escolares de língua portuguesa [on-line]:Revista Iberoamericana de Educación; (2003), p. 174-183<http://www.ipv.pt/millenium/millenium28/14.pdf>[Consulta: Maio 2011]

 

QUEIRÓS, T. (2004).[Des]igualdade de Oportunidades nos Manuais Escolares de Educação Física do 2.° ciclo do Ensino Básico? Análise das ilustrações e das percepções de professores/as-estagiários/as. Dissertação de Mestrado em Ciência do Desporto – Desport opara Crianças e Jovens. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, Porto.RIBEIRO, Ângelo (2005). A imagem da imagem da obrade arte no uso dos manuais de Educação Visual [on-line]: Tese de Mestrado Educação, Tecnologia Educativa, Julho 2005http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3961/1/A%20imagem%20da%20imagem%20da%20arte%20no%20uso%20dos%20manuais%20de%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Vi.pdf > [Consulta: Maio 2011]

 

SANTO, Esmeralda Maria (2006). Os manuais escolares, a construção de saberes e a autonomia do aluno, auscultação a alunos e professores [on-line]:Revista Lusófona de Educação; Vol. 8 (2006), p. 103-115<http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rle/n8/n8a07.pdf> [Consulta: maio 2011]

 

SARAIVA, Carlos Alberto Alexandre (2003).Evolução histórica da abordagem do eletromagnetismo e indução eletromagnética nos livros de texto para o ensino secundário.2003. Dissertação (Mestrado)-Universidade de Aveiro, Aveiro, 2003

 

VISEU, Floriano (2009). O manual escolar na prática docente do professor de matemática[on-line]:Actas do X Congresso Internacional Galego Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2009 <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10095/1/o%20manual%20escolar%20na%20pr%c3%a1tica%20docente%20do%20professor%20de%20matem%c3%a1tica.pdf>[Consulta: Maio 2011]

 

PM 




[i] Descrição técnica em ISBD: Nova Escola para aprender a ler, escrever, e contar: offerecida à Augusta Magestade do Senhor Dom João V. Rey de Portugal$ e primeira parte / por Manoel de Andrade de Figueiredo, Mestre desta Arte nas Cidades de Lisboa Occidental, e Oriental. - Lisboa Occidental: Na  Officina de Bernardo da Costa de Carvalho, Impressor do Serenissimo Senhor Infante,[1722]. - [16], 156 p., [3], 44 f. gravadas a buril$cil.$d2º. - Sob pé de imprensa: Com as licenças necessarias, e Privilegio Real. - Segundo Inocêncio embora no front. venha a indicação de "Primeira Parte" a obra está completa. - Data de impressão a partir das licenças. - Front. com Vista perspetivada do Terreiro do Paço, encimada por armas reais portuguesas amparadas por dois anjos alados da autoria de B. Picat. - Vinheta ornamentada na p. de tít. - Grav. representando Manoel de Andrade Figueiredo, por Picart (f. [pi]2v.]. - Cabeções e capitais ornamentados. - Grav. assinadas Andrade, Assin.: [pi]//2, * **//4, , A-G//4, [qui]-[11 qui]//4, [12 qui]//1, H-V//4. - Faltam as grav. 24, 40 a 42. - Erros de enc.: grav. Não numerada (f. 12[qui]//1) enc. depois da grav. 44 ao invés de antas da grav. 1 (cf. BNP) - Enc. em pele sobre pastas de cartão, com ferros gravados a ouro na lombada. - Dimensões daf.:30,2 cm. - Tít. lombada: Escola para aprender a ler escrever e contar. - Nota mss. na f [pi]2v. 

2012/08/16

Peça do mês de Agosto

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2012/08/08

Exposição virtual: Tipologias de mobiliário escolar

Encontra-se disponível a exposição virtual subordinada às tipologias de mobiliário escolar. Para visitar a exposição clique aqui.

2012/08/01

Modelos anatómicos no Museu Virtual da Educação

Encontra-se disponível a exposição virtual subordinada ao tema dos modelos anatómicos utilizados em contexto ds práticas pedagógicas de Ciências Naturais. Para visitar a exposição clique aqui.